O dia está ensolarado e saio para meu passeio de carro pela manhã. Coloco o CD do Willie Nelson e viro esquinas e mais esquinas sem pensar por onde estou indo. Navego na surpresa das ruas, percebendo a natureza florida.
Paro no sinal e vejo um carro ao meu lado e acontece então aquela famosa olhadinha de lado. A mulher passa batom olhando no espelhinho, esmaga os lábios, ajeita o cabelo, sorri para si mesma, e depois para mim - sabe aquela cumplicidade feminina? 
Na  próxima esquina vejo  uma jovem no ponto de ônibus e seus filhos brincando ao seu redor.  Seu rosto é triste, mas as crianças, ainda alheias aos problemas da vida,  acenam para mim. 
Resolvo parar para comprar um café e um homem abre a porta  sorrindo.  " - Bom dia! " e ajusto minha máscara.  A menina do caixa parece nervosa - seria seu primeiro dia de trabalho? -  e resolvo deixar uma gorjeta  maior do que o preço do café. 
Volto para casa ao som de "You are always on my mind". Meu vizinho sorri me mostrando as tulipas amarelas do seu jardim, enquanto, na calçadinha, passa aquela senhora de idade com sua bengala. E ela ainda trabalha – Benza Deus!
Quantos semblantes, quantas dores, quantas alegrias  que, às vezes, não conseguimos decifrar! Por que sempre achamos que as pessoas são mais felizes do que nós,  ignorando suas próprias dores?
Um mundo que muitas vezes se caracteriza na linguagem Libra, com rostos que se cruzam através de acenos silenciosos, pedindo socorro em direção a olhos invisíveis.

 

Tema: "Faces" 

 

 

Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 10/05/2022
Reeditado em 23/10/2023
Código do texto: T7513159
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