Dois rios - BVIW

Tema: faces (crônica)

 

Eu tenho um lado iluminado e um lado sombrio. Quando as sombras engolem a luz, dois rios caudalosos descem pela face triste. É como se a ausência da luz controlasse a abertura das comportas da represa de lágrimas. Ontem mesmo chorei litros quando voltava do trabalho, enquanto dirigia meu carro, na estrada. E o botão play do choro, pasmem: uma árvore que vi no pasto, cansada de viver, entregue, dolorosamente. Talvez tenha confrontado meus momentos de cansaço e de estresse. Talvez tenha encarado a realidade tal como a vida é. Porque a poetisa se sente mais viva no mundo da fantasia do que no mundo de verdade. A poetisa alimenta-se de sonhos… O mais incrível é constatar que a mola propulsora da literatura dessa poetisa é a dor. Já disse Fernando Pessoa que: «O poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente.» Faces de uma Cassia muito resiliente, qual acácia do deserto. Não foi por acaso que um dia escrevi: o poeta sofre tanto, que em cada canto da palavra, põe seu sofrer, seu penar…

 

Cassia Caryne
Enviado por Cassia Caryne em 10/05/2022
Código do texto: T7513156
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