BILHETES
As vezes eu gosto de escrever a mão. Isso me dá a impressão de que estou estabelecendo uma relação mais íntima com as palavras.
Essa prática me fez lembrar o tempo da esco-
cola primária quando eu recebia uns
bilhetinhos escritos por uma coleguinha.
Estes vinham acompanhando a assinatura
com uma porção de coraçõezinhos.
Eu nem sabia namorar mas correspondia escrevendo frases românticas que havia memorizado com as novelas de rádio.
Era um namoro virtual. Nunca ro-
laram beijinhos ou sequer andamos de mãos dadas mas nunca esqueci seu nome:
MARIA HELENA.