O trágico fim de meu pinto

Numa certa manhã de outono,não lembro o ano,nem o mês.Havia um carro vendendo pintinhos coloridos.De impulso,levei quatros pra ver no que dava.Cuidei e alimentei-os como deveria.Infelizmente apenas um sobreviveu.O tempo passando e ele crescendo,Amado e mimado.Sentia-se o soberano da casa.Fez do alto do encosto do sofá seu poleiro em pura estratégia,pois era onde eu fazia a refeição vendo tv.Subia no meu antebraço e fartava-se no meu prato.

Nos dias de verão refrescava-se numa bacia,fazendo verdadeira algazarra.

Sentava-me na soleira da porta,depois de uma semana extasiante à tomar umas cervejas ou vinho tinto ouvindo músicas na vitrola de disco de vinil.E para minha surpresa,(Belo)assim o chamava,escalava meu ombro e antes de levar à boca o copo,metia o bico e bebia primeiro.Assim,tornou-se rotina e ficamos velhos companheiros de birinaites.

Tornou-se majestoso galo de penas brancas de reluzante crista vermelha.

No alvorecer seu canto ecoava à despertar toda vizinhança.Vivia leve e solto na varanda e em cima do muro alto da mesma,onde ficava a ver os transeuntes passar.Sabia bem a hora que eu chegava,pois de longe o avistava.

Numa tarde ao chegar da luta diária,lembro-me bem...Eram três de agosto de oitenta e três.Senti um aperto no peito,pois não o vi como era costumaz, em cima do muro.Na varanda não estava,somente água e ração.Teria o esquecido dentro de casa?Também não!Em lágrimas e por dias o procurei por toda região,em vão...Soube anos depois que um invejoso,falso amigo ingrato o havia roubado e vendido e daqui sumido,levando um pedaço de meu coração.

jpsantos
Enviado por jpsantos em 07/05/2022
Reeditado em 07/05/2022
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