A BELEZA DA AMIZADE NO UNIVERSO HUMANO

Estava eu numa cafeteria com amigos poetas e escritores quando, em determinado momento, entre um gole e outro de saboroso capuccino, um deles me propôs inesperado desafio: apenas meia hora para escrever uma crônica sobre qualquer tema, a meu critério. Os demais ao redor da mesa olharam seus relógios, sorriram esperando minha reação e marcaram o tempo. Fez-se pavoroso silêncio, a pistola da contenta fora disparada, a corrida contra o tempo começara.

Ciente do que todos esperavam de mim, talvez alguns céticos quanto à minha determinação e capacidade de enfrentar e vencer aquele teste repentino, saquei o celular, deitei o olhar sobre eles e comecei a digitar, os pensamentos acelerados, o coração em disparada, a imaginação viajando através dos vários ângulos do possível e do impossível, do ponderavel e do imponderável, do ser ou não ser, do sorrir e do chorar, do descobrir e desbravar os horizontes que se me apresentavam na escuridão da criatividade.

Enquanto dedilhava as letras em ritmo alucinante, as ideias embaralhadas, as frases se abraçando, pontes sendo construídas na memória dos encontros e desencontros, as lembranças boas e más se descortinando na correnteza furiosa da inventividade, de maneira rápida e sorrateira vislumbrava, de vez em quando, as pessoas passando, a fumaça saindo das xícaras fumegantes, as fatias de 🍰 bolo degustadas pelos circunstantes, as luzes mortiças do ambiente, deixando o pensamento vagar e percorrer os espaços em branco que precisavam ser urgentemente preenchidos num exíguo instante comandado pelos inflexíveis ponteiros do relógio.

A plêiade de amantes da literatura não tirava os olhos de mim, amigavelmente😀 tiranicos e implacáveis, ao passo em que eu suspirava e digitava, apressava-me na disputa para vencer os relógios impassíveis nos pulsos dos meus amigos. O que eles não sabiam é que o arcabouço do meu texto já se delineara por inteiro, o corpo do contexto surgira na minha mente de maneira cristalina e maravilhosa, faltava somente a cartada final. Dada essa constatação, sorri agora de volta para eles garantindo-lhes que a crônica estaria pronta em mais alguns segundos, o ponto de chegada surgia à minha frente, o pódio me aguardava. E terminei, ganhando a disputa, pois em menos de meia hora concluí o desafio. Escrevi uma crônica sobre a beleza da amizade no universo humano. Todos leram em voz alta e me aplaudiram gentilmente.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 05/05/2022
Reeditado em 05/05/2022
Código do texto: T7509873
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