Chegaram juntos. Em portas opostas, é claro. Um pela da frente, outro por uma pequena, nos fundos do Bar do Bino.
Um, pediu uma cachaça Nacional e levando consigo uma garrafa pet pediu que Bino enchesse a fonte .
O outro pediu uma cerveja, sem álcool e de nome feminino:
- Stella?
Por precaução, já que o cardiologista sugeriu a malvada, um alívio para as dores de cabeça.
Um, sem disfarçar a fome, pediu logo um pão com mortadela. Dois. Um joelho de porco. Uma costela no bafo. Dobradinha.
O outro, pediu espetinho de carne grelhada.
- Tem chouriço argentino?
Um, já "pra lá de Bagdá", celebrava com os outros o dia mal vivido. Se estava ruim, poderia piorar, então o jeito é celebrar. Partilhava a bebida, dividia as carnes e brindava em copo americano. Alguns tinham copos de requeijão.
O outro, bebia no bico, uma long neck. E espetava com palitos a carne assada.
Um, gostava de terra. Dos com e sem terra.
O outro, gostava de moto, dos passeios e amém! (Protetor das famílias tradicionais desamparadas, menos a dele)
Um, era populista, tinha numa das mãos, somente quatro equilibristas.
O outro, ao contrário, tinha nas mãos um relicário, era de um couro extremista.
A cena era retratada por uma jornalista de "porta de estrada (abre caminho)". A matéria no jornal frontal, estava na coluna do Rivotril. Mas para acabar com a queixa da vara, assumiu a do Cinema Brasil.
Antes de liberar a entrada, com os ingressos na mão, gritava a "maluca" estressada, quem vive "sem pão"?
Mas o redator, demente, triste e incoerente, perguntava intransigente:
_ Quem eram aqueles? Pobres Edis ou regentes?
A jornalista do furo, que passava despercebida pelo bar, não resistiu. E quando o Bino viu, insistiu:
- Se pudesse optar por alguém, sobre o futuro do Brasil, escolheria o vermelho ou o mestiço com anil?
Bino velhaco tal era, respirou e respondeu gentil:
- O branco, ora bolas. O resto é cilada. Onde já se viu?
E a porta do buteco foi cerrada.
- Alvará de funcionamento vencido! Dizia o fiscal com "rei na barriga".
E o bar do Bino fechou!
- Também pudera! O Bino, coitado, nunca vendeu fiado.