Na contramão da modernidade, essa vilã saqueadora do indivíduo em própria identidade que é sutilmente arrancado do sofá por uma telinha do smartphone, acessada em rede, como uma máquina de primeira geração feito o Tesla Model S, vem a "Low Profile, discreta e sem luzes, bem similar ao fusca azul dos anos 60.
A palavra Low já é bem conhecida da maioria, em destaque os que, acima do peso, sonham com dietas milagrosas, como a "Low Carb", que é a queridinha dos brasileiros. A definição da palavra fica por conta do dicionário linguee que a enquadra no termo baixa.
Mas e essa tal Low Profile? É de comer ou de passar no cabelo?
Nos últimos meses, o termo tornou-se mais popular na internet e, por consequência, virou modinha entre as celebridades. E como toda bandeira erguida o "Keep a low profile", já é a segunda frase mais acessada e mais formatada para ser usada como "status" nas redes sociais.
"Mantenham-se discretos", não é só um vocativo do mundo moderno, mas um estilo de vida. E se você começou a ler esta crônica e não sabia disso, sinto lhe informar: sua data de validade está expirada ou precisa de atualização do sistema.
Uma pessoa adepta do estilo de vida Low Profile é alguém que delimitou os arquivos a serem acessados de sua memória com assistência externa. Traduzindo: é alguém que, por segurança, decidiu não ser um livro aberto, de acesso direto, mas resguardar, como se segredo fosse, a sua biografia. De modo especial, em redes sociais.
Então fica assim: relacionamentos, amizades, modo de vestir, trabalho, e consumo são ditadas de forma tão discreta que, em tese, os correligionários, deveriam passar despercebidos. Mas na era da imagem, quando a privacidade e a intimidade não são expostas, a especulação é mera praxe.
Há quem diga que o mistério por trás dessa vida estilosa é atraente e sensual. Isso, é claro, se o adepto não for um serial killer disfarçado. Mas um fim tão trágico assim seria roteiro de fime, não uma simples adoção de um estilo que desperta a curiosidade humana e absorve certa perspectiva. Exibir-se constantemente, traz uma desqualificação para a atração. Até que seria interessante neste item.
Os criminosos também não encontrariam com facilidade um Low Profile, afinal, sem exibição, sem informação.
As invejosas de plantão, apontadas por Valesca Popozuda, a poeta funkeira (invejosos dirão que sou espiritualista) em sua canção Beijinho no Ombro, seriam extirpadas da humanidade e o recalque, ah o recalque, passaria longe...
O consumismo também seria matéria vencida. Aliás, o carrão ostentação, daria lugar ao carrinho arrumadinho que leva a todo lugarzinho.
E para os procastinadores de natureza, também seria uma bênção! Aleluia, irmão. Haja visto que abusariam do tempo livre, já que não teriam que passar horas escolhendo e modificando os filtros de fotos para aparecer na telinnha.
Desse modo, desponta a pergunta que não quer calar: - Você seria um (a) Low Profile?
Maturidade batendo à porta e você ali, olhando do buraco da fechadura:
- Devo ou não deixa o tal estilo "entrar"?
Fato é que a nova moda, apesar de desafiadora, é uma espécie de convite a viver fora dos holofotes, com um propósito, sem procrastinação. Eliminando, talvez, alguns dos perigos da super exposição e as consequências de uma vida tão sem sentido.
Low Profile é nova rota, em caminhos mais práticos, sem intertravados ou asfaltos, apenas um terreno de terra, esperando umas poucas sementes.
Será mesmo possível voltar a estaca zero? Eu duvido. Mas não desabono...
Fiquem aí com suas Low's e pronto! Eu já aderi a Low Carb. Uma por vez, ok? Já está de bom tamanho!
Adoro uma fotinha nas redes... Será que tem algum grupo de anônimos que ajuda no tratamento de dependentes de redes? Queria participar. Juro! Se o estilo de vida Low Profile é mesmo dos vencedores, sinto muito! Perdi.
E pra terminar porque miséria pouca é bobagem, é possível que alguém viva, de fato, no anonimato? "Dá um google" aí e me conta.