Pequenas histórias 272
Interruptamente pisca
Interruptamente pisca o cursor na tela branca da mente. Onde estão as palavras? Onde está a sensibilidade? Deixe dizer uma coisa que ninguém até agora percebeu:
- Não sou poeta. Não sou escritor.
Não sei o que eu sou. Escarafuncho dicionários a cata de palavras não usadas ainda, e, no entanto, giro em círculo, bato sempre na mesma tecla. Tudo é um pastiche de ideias aleatórias e fixadas no cursor mental dos leitores. Não acreditem no que digo. Não acreditem no que escrevo. Não acreditem nas minhas palavras. Não acreditem em nada. Desconfiem sempre. Coloquem em xeque minhas ideias, meus textos, minha filosofia barata. Por favor, entendam, ao me lerem estarão se prejudicando a si mesmo.
Deletem meus e-mails sem ler. Bloqueiem meu e-mail. Impeçam que eu chegue até vocês camuflado. Sou um engano, farsante das letras, das ideias. O que escrevo é mecânico caos de teorias fajutas.
Não me levem a sério.
Não sou poeta.
Não sou escritor.
Apenas sou um mero indivíduo, catador de palavras, nada mais, que intensivamente ama a vida.