Longevidade
“Não somos feitos sábios pela lembrança do nosso passado, mas pela responsabilidade por nosso futuro. ”
George Bernard Shaw
Meus pais morreram jovens, com 56 anos. Pelo que me lembro os meus tios também. Uma irmã também morreu com 56 anos.
Quando era jovem, a pessoa mais velha que conheci, foi a minha sogra, ela morreu com 83 anos. Lúcida.
Quando era criança, e os mais velhos esqueciam as coisas, chamava-os de caduco. A caduquice durava pouco, pois logo eles morriam.
Hoje convivo com meus irmãos que superaram os 56 anos, o mais velho tem 94 anos e eu o caçula da família estou com 71. Tenho uma cunhada com 96 anos.
A longevidade nos trouxe um mal maior. Uma doença que causa a deterioração das funções cerebrais, acarretando perda de memória, da linguagem, da capacidade de controlar funções básicas ou de cuidar de si próprio, em alguns casos podem evoluir para demência. Alzheimer.
Duas irmãs e uma cunhada estão com essa doença, que ainda não sabemos lidar bem.
Recentemente ouvi uma música de Fátima Leão e Mário Campanha, chamada EU NÃO TENHO CULPA, cantada pelas irmãs Galvão, que descreve o sentimento de uma pessoa acometida pelo Alzheimer.
“Eu não tenho culpa / Se o presente levou / Meu passado embora / Hoje no meu presente / Qualquer dia é dia, qualquer hora é hora.
Se escrevi na areia / Minha história de vida /O vento levou.
Ninguém traz de volta / Aquilo que fui e hoje não sou /
Eu não tenho culpa / De perder os meus sonhos / No meio da estrada.
As minhas lembranças, / de quem fui e quem sou / se tornaram em nada.
E o que me perguntaram / Eu tinha resposta.
Hoje eu tô com todos, / mas poucos me gostam / Eu não sou mais a mesma / Que fui pra você, / mas continuo aqui.
Se eu contar pra você / Mais de uma vez a mesma história /
Não fique bravo comigo.
Se eu te perguntar quem é você agora / Talvez até eu seja quem cuidou de você / E embalou seus sonos, quem é você / Eu não sei, mas só sei que te amo.