A mulher do umbigo sujo

Após diversas tentativas, a enfermeira Selminha passou no concurso público municipal. Teria estabilidade, ganharia mais (sem plantão) e trabalharia menos em relação ao hospital onde exercera a profissão por quase oito anos.

Selminha era concedida por colocar apelidos em pacientes, tipo: - Chegou o ‘fedorento’; vou aplicar soro na ‘cabelo dourado’; o ‘cabeção’ vai dar alta; a ‘bonequinha da XV’ tá grávida; o ‘janelinha’ (pela falta de dois dentes) tá com crise de rim novamente; o plantão da noite é o Dr. ‘fala fina’ e assim por diante.

Dois meses no novo emprego, ouviu a atendente comunicar a sua superiora: - A mulher do umbigo sujo quer marcar uma consulta com urgência com um médico especialista em doença de pele. O que digo a ela? Só teremos vagas para o mês que vem...

Com a curiosidade que lhe era peculiar, Selminha quis saber quem era a ‘umbigo sujo’, pois sabia que o ‘tratamento’ do pessoal dessa área tinha algum cabimento. Experiência própria.

Agora Selminha não sabe como dizer ao marido quando ele for ao banho - já que tudo é hereditário -, para ele ter mais higiene com o seu umbigo.