Meu pai herói...
Meu pai morreu. Um fato corriqueiro. Uma quantidade imensa de pais morrem Mundo a fora. Mas desta vez foi diferente, foi meu pai. Inevitável lembrar das primeiras pedaladas inseguras escoltadas por mãos alertas, a primeira pipa empinada com o vento no rosto e a certeza da habilidade paterna, o barco à vela onde só braços fortes e adultos de papai podiam alcançar no lago, a primeira conversa séria de homem sobre criaturas estranhas chamadas mulheres, as primeiras voltas dirigindo o carro ainda em seu colo, a primeira medalha no Judô com um grito ao fundo de valeu campeão, a bronca, o castigo, o abraço, o cheiro, a piteira do cigarro, o simples olhar onde podia entender seu recado. Sempre presente, disponível, generoso, mesmo no ato de educar. Estranhamente pedia mais presença, participação mas, menino, adolescente, rapaz e homem, parecia não dispor de tempo para meu pai, afinal ele sempre estava lá mesmo, em sua casa. Hoje, tenho todo tempo do Mundo para sentir saudade das conversas, dos conselhos, das gargalhadas e dos momentos em família. Portanto, no dia dos Pais, e em qualquer dia do Ano, aproveite que seu pai está vivo e telefone, abrace, beije, releve mágoas, rancores, dúvidas e se reconcilie. Não perca mais tempo, faça já. Afinal, jamais saberemos quando nosso herói maior não estará mais em sua poltrona preferida, com seu jornal, cigarro e generosa sabedoria.