Ao som de Mozart!
Ao som de Mozart!
Já me cobrei com a Psicanálise, Freud ilustrava suas teorias com vivências e sonhos na Europa, nos Alpes, eu explico as minhas com acontecimentos e pesadelos no Gurinhatã, Capinópolis!
Reconheço, as inspirações para os meus causos e crônicas têm fundo musical sertanejo, as sofrências de minha amiga falecida e de tantos outros.
Hoje vou ouvir Mozart.
Enquanto ouço Mozart chove.
Os pingos no meu telhado misturam com sua sinfonia e parecem completá-la. Parece, agora, que a música de Mozart completa a sinfonia dos pingos no meu telhado.
Na sala ao lado, a Emerenciana faz nebulização, o som do aparelho acompanha os acordes da sinfonia “The Marriage of Fígaro”, e o maestro nem franze a testa.
Meus pensamentos valsam, pululam a cada toque do piano, deslizam como a fadinha no seu skate, ontem, na praça dos Trabalhadores, e uma cachorra mãe de quatro cachorrinhos, assombrada com a música do rolar dos rolamentos do skate da fadinha, entoou seu canto de guerra, auauauauau, um tanto a ver com Mozart, e correndo puxou as calças da fadinha, que por felicidade, como é fada, nem ficou aí para o desespero da mãe cachorra e eu mozartmente gritei com a cachorra que não mordesse a fadinha e voltasse para o aconchego de seus filhotes. A cachorra mãe entendeu meus acordes, largou o calcanhar da fadinha intacto e voltou valsando para junto de suas crias.
A fadinha, como é jovem, como se nada tivesse acontecido, foi juntar-se aos seus parceiros e deslizar na pista de skate ao som do auauauau, ao som de Mozart!