O Papel Aceita Tudo
Chego a Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, e, ainda no hotel, leio algumas revistas e jornais do Estado. Numa das revistas aparece lá a manchete: "CAMPO GRANDE TEM O MELHOR PREFEITO DO BRASIL." Apenas em pensamento, faço a minha exclamação nordestina: "Oxente! E o melhor prefeito do Brasil não é o de Maceió?"
Aqui tinha até uma musiquina, cujo refrão dizia assim: "Maceió está a mil / tem o melhor prefeito do Brasil."
Ao pegar o taxi, parabenizo o taxista, dizendo ter visto numa Revista que o prefeito de Campo Grande tinha sido eleito o melhor prefeito do Brasil. Para minha surpresa, ele também pergunta com um linguajar nordestino: "Oxente! Quanto ele pagou nessa matéria?"
Pelo "oxente", pergunto de onde ele é. E ele responde como se estivesse imitando o Senador Mão Santa, pausadamente: "Eu sou do PI-AU-Í, mas moro aqui desde o ano em que Campo Grande se tornou Capital, em 1977. "
E lá se vem mais assunto de política, a partir do seu conterrãneo Mão Santa, que, entre outros cargos políticos, foi governador do seu estado e Senador, mas que, ultimamente não conseguiu nem se eleger prefeito de sua cidade, Parnaíba.
E acrescentou: "se dependesse de sua oratória, de sua fala bonita, ele não perdia nenhuma eleição." Do mesmo jeito que, com habilidade, fala-se o que quer, as revistas e jornais também escrevem o que quer o candidato, desde que para isso lhe remunere satisfatoriamente.
Conclusão: Nem o prefeto de Campo Grande nem o de Maceió eram os melhores do Brasil. Mas a mídia assim o dizia.
Por quê?
Com certeza, não foi na base do 0800.