Campeões do amor e outros relatos
A gente resfolegava sem dó, a coisa era prá valer mesmo, como diz lá no Recife, era prá arrombar um ao outro, só que de tesão. Imagine o querido leitor, que tudo em nosso corpo se alinhava direitinho, nossos ossos pélvicos se atraiam e ao mesmo tempo combatiam-se em movimentos lascivos. Do fêmur partia uma sensação agradável, uma espécie de assanhamento tantalizante que deixava a gente com as pernas fracas. Os joelhos também se tocavam (como adorava observar os seus joelhos!). O nosso objetivo era perder o jogo e assim, o gozo seria mais saboreado, jamais esqueceria cada micro segundo, os arrepios demorados e as abundantes súplicas...
Era uma sorte desfrutar daquele momento, e permitir às coisas seguirem seu rumo.
Quanto a nós, entre puxões e linguaradas, vivíamos, tais quais, campeões do amor!
Acordes de piano apenas. Era a vez do pianista em “My favourite things”. Tudo girava na minha cabeça. Me lembrara de repente da minha cachorrinha. Ela ainda não “curtiu” a minha foto. Será que finalmente, após algumas cenas que deixavam patente a sua submissão a este que escreve, resolvera deixar de ser submissa ao seu tutor? Creio que não.
Era uma tarde de sol, Sim meu Deus, era uma tarde de sol! Agora me lembro, tão claramente quanto uma festiva tarde de sol!
Perto da esquina, um casal se abraçava e se beijava sob um céu bastante azul, fazia mais de trinta graus, com certeza. O casal se despede. Não os vejo mais.