A Memória de Gaveta

No fundo da gaveta de guardados procuro a memória. Fui aos longos dos anos juntando na minha gaveta meus escritos que nunca queria mostrar para alguém ler. Até que um dia uma fada madrinha achou e leu com muita voracidade e abriu um sorriso tão belo e falou:

 

- Tens talento guria , veia de poeta e escritora. Por que não publicas?

 

Daquele dia em diante saíram das gavetas empoeiradas e voaram para o mundo. Como um naufrago minhas poesias foram aparecendo e sendo premiadas pelo mundo afora e fui me tornando poesia em cada gestos meus. Desfilam em várias antologias e coletâneas nacional e internacional e fui flanando ao sabor da prosa até o dia de lançar meu primeiro livro solo.

 

E meus escritos antes engavetados tomaram outro rumo a liberdade de voar pelo mundão afora enfrentando mares bravios e outros calmos. Queriam desvendar o mundo e foram primeiro na Itália (berço dos meus antepassados), mais um sonho tornou-se realidade. Em cada memória fui vivendo cada dia aprendo o oficio da poética e realizo sonhos. E foram anos de escrita desde a Universidade até os dias atuais, alguns textos traduzidos em algumas linguass Italiano, Francês, Inglês e espanhol.

 

Hoje encontrei na palavra escrita meu objetivo de vida. Por que com a escrita realizo sonhos. E me vejo sendo Vênus contemplando a magia que é escrever.

 

Será que a escrita é uma forma de milagre? Creio eu que sim, por que ela transforma mentes e hoje nosso mundo precisa de mais pessoas lendo e fazendo arte, aprender para ter uma visão melhor do mundo. Com os livros podemos sonhar e sermos pessoas mais humanas. Por isso creio que a escrita é um meio de sobreviver frente a este mundo absurdo como está hoje com guerras, corrupção, ódio exalando os poros da humanidade.

 

Como Vênus fui escrever poesias para o amor onde houve encontro e desencontros pelos caminhos da vida. E em cada aprendizado trago em mim minhas verdades e guardo minhas memórias do coração e sou feliz. Fecho a gaveta com vontade de chora . Volto para a memória do computador e agradeço minha fada por ter incentivado a continuar. E faço dos meus dias eterna sinfonia de querer aprender mais e sair por ai divulgando minha literatura como mensagens para que os jovens encontrem nas minhas palavras mais estimulo para o gosto de ter um livro na mão.

 

Amar os livros é sentir nossa essência pulsando a cada instante. Abrir um livro é viajar para outros lugares e desvendar o mistério da existência humana.

Vera Salbego

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