MÍDIA PORCA

Em “Granizo”, sucesso argentino da Netflix, Miguel Flores (Guillermo Francella) é uma celebridade, o meteorologista mais famoso da Argentina, um sujeito querido na vizinhança, atencioso, sempre disposto a conversar com todos e a falar sobre a previsão do tempo que ele nunca errou em 20 anos. Na madrugada após o dia em que sua carreira chega ao ápice, com a estreia de um programa no horário nobre da TV, o mais temido acontece: Miguel erra a previsão e uma chuva de granizo atinge a capital portenha.

Ao acordar após uma boa noite de sono, Miguel percebe que errou pela primeira vez em sua carreira e que deixou de ser o queridinho de Buenos Aires para se tornar um pária. (Fonte: www.agazeta.com.br, crítica de Rafael Braz).

Granizo é mais uma amostra de como os argentinos sabem fazer ótimos filmes, pois já nos legaram o excelente drama O Segredo de Seus Olhos (vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro) e a irreverente comédia de humor negro Relatos Selvagens.

O filme argentino é uma comédia nonsense, mas não está distante da realidade: o quanto a mídia porca (e eu não estou imune a ela) fabrica e detona mitos num piscar de olhos ou numa cagada que o ídolo apronta?

No filme, o meteorologista pop star erra pela primeira vez em 20 anos e torna-se odiado por aqueles que antes o celebravam.

Na vida real, fabricamos e destruímos mitos na velocidade de um click. Exemplos ruins de famosos que fizeram coisa errada são os casos do ator Guilherme de Pádua, que assassinou a colega de elenco Daniela Perez em 1992. Ou o suposto medium de Goiás que atraia milhares de seguidores e que no fim das contas descobriu-se que abusava sexualmente de suas pacientes.

Fora os exemplos ruins, vemos celebridades do momento entrando e saindo do foco.

Muitas destas celebridades, na falta de talento no que compõe ou apresentam, fazem de tudo para se manterem na mídia, muitas vezes beirando o ridículo. E nós assistimos tudo isso comendo pipoca e partilhando a porcaria nas redes sociais.