O PROFESSOR
O PROFESSOR
Quando acompanhava minha mãe de criação à escola, me sentia um privilegiado, porque mais de uma vez, no primeiro dia de aula, ouvi a diretora se dirigindo à classe para desejar um bom ano letivo e fazer as recomendações de praxe que terminavam quase sempre alertando as crianças que seriam tratadas como filhos, que a escola era um segundo lar e a professora uma segunda mãe. Eu tinha uma mãe de verdade, e era criado por uma professora, desta forma tinha duas mães. Até o final da década de setenta, ser professor no Brasil, era sinônimo de dedicação e até de status social. Em 1975, certo dia, fui a uma agência de um banco de uma cidade do interior de Rondônia e havia um senhor fazendo o cadastro para obter um empréstimo e quando o gerente lhe perguntou qual sua profissão, ele respondeu com a maior naturalidade: marido de professora. Eu achei a cena engraçada, mas por preconceito, pelo fato do elemento ser sustentado pela esposa. Durante a década de oitenta e os primeiros anos de noventa, os professores perderam o incentivo para continuarem sua missão, mesmo nas escolas particulares com algumas exceções, faltam-lhes estrutura de vida e trabalho, tornando-os vítimas da própria vocação. Por tudo isso, o mestre que foi no passado um segundo pai ou uma segunda mãe, é hoje, mais um profissional desamparado a quem entregamos nossos filhos para a complexa missão de educa-los.
(texto extraído do livro POETA CRÔNICA E VERSOS de Jacó Filho)