FINAL DE TARDE.

   Desavisadas nuvens dispersas pelo azul celeste, tarde movimentada na rua da minha casa. Carros apressados que passam, buzinando, freadas bruscas em frente a lombada. Alguns motoristas são mais atentos e prudentes, mãos firmes no volante, passando na velocidade correta da via, outros, descuidados, dividem a direção com o celular ou uma lata de cerveja, quase batendo, quase atropelando. É a rotina do trânsito de todos os dias.

   Uma brisa suave começa a soprar, o sol lentamente vai descendo no horizonte, trazendo tons de vermelho e laranja incríveis, uma obra prima do criador. Todos os finais de tarde são pinturas em pleno céu, é de encantar o olhar de qualquer artista.

   De frente a minha casa tem uma creche, da sacada é possível ver quase todo o interior dela, espaços muito bem aproveitados, de uma arquitetura admirável. O barulho das crianças é intenso, correndo e gritando o tempo todo, deixando as funcionárias malucas. Gravei o nome de algumas crianças, que por terem os nomes tantas vezes repetidos considero os mais arteiros. O intervalo dos pequenos termina rapidamente, alguns carros começam a estacionar do outro lado da rua, acredito ser os pais de alguns deles chegando para buscá-los. Não é somente a creche que tem em frente a minha casa, outras duas escolas foram construídas abaixo da creche. Uma delas, "Osmar de Almeida", outra, "Hélio del Cistia", a segunda é a escola da minha filha. Então, os senhores leitores podem imaginar quão movimentada é a rua da minha casa. 

   Faces e sorrisos, mães que passam com os filhos sendo puxados, outros, sendo segurados para não atravessarem a rua. O movimento de carro se intensifica, à medida que os alunos da Escola Osmar de Almeida estão saindo. É um verdadeiro desfile de carros das mais variadas marcas e cores. Novamente a rua trava, buzinas, manobras, e no meio de tudo isso motos e mobiletes barulhentas. É impossível assistir alguma coisa nesse horário na sala de casa.

   O dia vai dando adeus, cedendo lugar ao começo de noite. A brisa antes suave começa a ficar fria, ardendo na pele. Os últimos raios de sol desaparecem, lentamente a noite estica os seus longos e escuros braços, trás consigo as primeiras estrelas, o frio é mais intenso.  A rua continua com movimento forte de carros, provavelmente motoristas que estão vindo do trabalho, apressados seguem caminho para suas casas.

   A noite chega, com ela o quase silêncio, a rua antes cheia de vida e de barulho agora cochila, exibe ainda alguns transeuntes oriundos da própria noite. A infinidade de estrelas cobrem o céu de um lado a outro. O que seria dessa tela escura sem a beleza reluzente de cada uma delas? A dama da noite não poderia ser outra. Luar majestoso que surge com toda pompa, em todo o seu resplendor. Não sei dizer qual tela é mais bela, a do fim de tarde ou da noite. Sei apenas que as obras do criador são perfeitas. As horas que passei na sacada de casa para escrever essa crônica foram maravilhosas... Ver, ouvir, sentir a vida pulsando em cada canto, em cada detalhe, terminarei dizendo que... O senhor é bom o tempo todo e o tempo todo o senhor é bom.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 24/04/2022
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