O ASSOVIO DO MINUANO
O Assovio do Minuano
Vento Lusitano
Aqui no Sul, já começo a sentir um vento continuo e frio de origem polar, principalmente à tardinha. Quando saio do meu local de trabalho, chegando ao início da Praça Central pego a rua à esquerda em direção ao Sul, fico de frente com o popular vento minuano, é como se ele estivesse batendo no meu peito me cumprimentando e dizendo: - “E daí companheiro, estou voltando, como estás? – Prepara-te que estou chegando de mansito que é para não assustar, mas logo, muito logo, no inverno, vou ser de “congelar os ossos”, mas não te apavores você sabe muito bem que não é pra tanto, é só uma brincadeirinha, uma forma figurada de prosear.” Estou falando do nosso conhecido vento minuano, esse vento que varre as coxilhas. Mas deixo claro para quem não é daqui, que esse vento não é nosso inimigo, ao contrário, é nosso amigo. Nós do Sul não vivemos sem ouvir o seu cantar, o seu assovio. Ele vem varrendo o chão, o capim, só não varre nossos sonhos e nossas saudades.
Indo em direção a minha casa, logo vejo a chaminé de minha casa bocejando fumaça, chego a duas conclusões: Primeira é que minha esposa também sentiu a vinda do minuano. A segunda é hoje vai ter um pão especial de fermento natural. Eu sei que muitos podem até dizer que é coisa do passado e que atualmente existem outros meios modernos de aquecimento, não os ignoro e, inclusive, os tenho. No entanto, eu e minha esposa não abrimos mão do nosso velho fogão à lenha. A lenha que é queimada é própria ao fim pretendido, fruto de meu plantio, não causamos danos à natureza. Com a mudança da temperatura literalmente a sala se transfere para a cozinha, os Sulistas sabem muito bem do que estou falando, a partir daí estamos preparados para enfrentar o “valente amigo minuano”. Iremos enfrentá-lo com solidariedade aos mais necessitados, solidariedade essa que na minha região Graças a Deus não falta. Ainda com muita conversa ao pé do fogão, com café e biscoitos, com o fogo estralando graveto e a chapa do fogão estralando pinhão. O caldo verde ou a sopa de agnoline não pode faltar como também uma taça de vinho. Pois dizem que para beber um bom vinho, não precisa de um motivo só de uma taça. A vida é feita de escolhas, portanto é só escolher: Tinto; Rose ou Branco. E o bom de tudo é que o vinho emagrece, pois depois de beber uma taça sinto-me bem mais leve... A verdade é que todas as estações têm suas peculiaridades, devemos aproveitar todas.
Confesso essa crônica já está muito extensa, não era minha intenção, mais agora não posso parar, a saudade chegou sem avisar. “{Espera, minha mãe, estou voltando} {Que falta faz pra mim um beijo seu} {O orvalho das manhãs cobrindo as flores} {E um raio de luar que era tão meu} {O sonho de grandeza, ó mãe querida} {Um dia separou vocês e eu} {Queria tanto ser alguém na vida} {E apenas sou mais um que se perdeu} {Pegue a viola, e a sanfona que eu tocava} {Deixe o bule de café em cima do fogão} {Fogão de lenha, e uma rede na varanda} {Arrume tudo, mãe querida, o seu filho vai voltar} {Mãe, eu lembro tanto a nossa casa} {E as coisas que falou quando eu saí} {Lembro do meu pai que ficou triste} {E nunca mais cantou depois que eu parti} {Hoje eu já sei, ó mãe querida} {Nas lições da vida eu aprendi} {O que eu vim procurar aqui distante} {Eu sempre tive tudo e tudo esta ai}” - Música “Fogão de Lenha” – Composição Carlos Colla / Maurício Duboc.