A mosca sem sopa
Era uma vez uma mosca.
A mosca era revoltada com a sua insignificância perante aos limites da realidade.
O sonho da mosca era quebrar uma loja de porcelanas para provar, para si e os demais, que não era tão insignificante assim, mas sabia que sua força não era capaz de mover nenhum dos souvenirs sozinha.
Um dia a mosca observou um touro parado na porta da loja, e começou a zumbir na orelha do touro e lhe importunar com algumas picadas intermitentes.
O touro, enraivecido e abrutalhado, começou a se debater, quebrou a madeira onde estava amarrado, e insuflado pela mosca, adentrou na loja e, sem esforço, quebrou todos os itens expostos, para o deleite daquele serzinho que arquitetou o plano.
E assim, quando a força inconsequente encontrou quem, consciente de sua insignificância, sabia a instrumentalizar conforme seu desejo, o único resultado possível foi o caos, tão maior que o vazio da mosca.