NO TEMPO DE CRIANÇA
(Para Maria do Carmo Melo Aguiar, 19 de abril de 2022, 101 anos in memoriam).
Francisco de Paula Melo Aguiar
No tempo de criança via e ouvia mamãe em ação acordando os filhos para fazer a primeira limpeza higiênica do dia, tomar a primeira refeição e ir para escola estudar.
Naquele tempo sua fala "vamos, então, levantar e agir com entusiasmo para qualquer resultado: ainda realizando, ainda perseguindo, aprendendo a labutar e a esperar", no dizer do poeta e educador norte-americano Henry Wadsworth Longfellow.
Para todo problema existe uma solução, isso na visão de mamãe, ainda que Deus escrevesse certo em linhas tortas.
Mamãe era absolutamente honesta, justa, serena... prego batido e ponta virada, jamais demonstrava qualquer sinal de desânimo, isso porque o espírito não fica velho. Ela era assim.
Ouvia os filhos e o esposo, mantinha sua solidariedade com todos, uma espécie de fiel da balança familiar e doméstica.
Quando os filhos chegavam da escola prestavam contas do que aprenderam a ela, uma espécie de escola doméstica e no dia seguinte levavam os deveres de casa para a escola, prontos e na ponta língua...
Acredite ou não para todos os problemas pessoais e inclusive familiares, ela sorria e dizia que a espera faz parte da vida. Tudo e nada é questão de tempo.
E isso é verdade, assim como naquele tempo, a carroça não anda na frente dos bois...
O foco da vida de mamãe sempre foi que o tempo tem respostas para todos os problemas passados, presentes e futuros.
Tempo de plantar, cuidar e colher...
O tempo é a espera que faz parte da vida... acredite que escreveu e não leu é porque nada aprendeu.
E ela vive a espera da ressurreição na eternidade celestial.