O LABIRINTO DAS AULAS ONLINE ("Talvez ver o lado bom das coisas, consista apenas em sempre ver que poderia ter um lado pior." — Érica M.)
Desde que as aulas migraram para o ambiente virtual, confesso que me rendi aos encantos dessa nova modalidade de ensino. A praticidade, a eficácia e a tranquilidade proporcionadas pelas tecnologias e mídias conquistaram meu coração. Aprendi a dominar os aplicativos mais populares e até adquiri um notebook de qualidade. Como é gratificante não ter que lidar com alunos indisciplinados na sala de aula e não presenciar a cena deles devorando lanches no espaço de estudo.
No entanto, nem tudo são flores na escola pública. Aqui, as coordenadoras parecem ter um excesso de tempo ocioso e inventaram uma infinidade de planilhas e relatórios para nos manter ocupados. Não que essas estatísticas sejam realmente úteis para melhorar a educação. Na verdade, elas apenas camuflavam as deficiências e justificavam a existência de funções dispensáveis.
Para piorar, fui submetido a fazer tarefas adaptadas para alunos com deficiência. Curiosamente, havia três "especialistas" contratadas pela escola para cuidar desses alunos em minhas turmas. Eu, que sou professor regente, sem formação específica nessa área, me vi obrigado e humilhado em desempenhar essa função extra; digo humilhado, porque levava bronca todos os dia, por não conseguir cumprir a dupla função. Na verdade, sou eu quem precisa de inclusão, pois não fui preparado para lidar com todas essas demandas. Seria ideal ter uma sala especial dedicada aos alunos com necessidades especiais, onde pudessem receber a atenção necessária.
E agora, confesso algo totalmente oposto ao que disse anteriormente. Não suporto mais as aulas online. Tudo demais enjoa. Não aguento mais responder a aplicativos, preencher planilhas, fazer relatórios e refazer atividades adaptadas para inclusão. Sou constantemente criticado por aqueles que jogam suas responsabilidades em minhas costas, e eu as deixo cair. Porém, já não tenho forças para lutar contra essa situação. Não consigo cumprir bem as obrigações alheias. A justiça não faz distinção de critérios. Eu clamo por aulas presenciais! Há muitas pessoas no sistema educacional, recebendo salários generosos, explorando a incompetência alheia. "As pessoas não são o que elas pensam", como bem disse no livro "Poder Além da Vida". Elas são o que são.
Refletindo sobre essa experiência tumultuada, percebo que a vida é repleta de labirintos e contradições. O que parecia um caminho promissor e confortável revelou-se um emaranhado de desafios e frustrações. As aulas online, que a princípio pareciam um refúgio, transformaram-se em um fardo insuportável. Nesse emaranhado, descobri a importância de lutar pelos meus direitos e não permitir que as responsabilidades alheias se tornem minha carga.
Portanto, é chegada a hora de buscar mudanças, de exigir o retorno às aulas presenciais. Não podemos permitir que a ineficiência e a negligência se perpetuem em detrimento de um sistema educacional justo e eficiente. Somos mais do que meros cumpridores de tarefas.