Talaricos não são cobras
Como a maioria dos brasileiros pobres de minha idade, tive uma escolaridade sofrível e mesmo sendo muito curiosa e buscando aprender mesmo fora da Escola, há muito conteúdo que não chegou até mim. Assim, mesmo hoje sendo professora, tenho muitos vácuos em minha carga de conhecimento. E uma informação que propaguei muito sem ser verdade foi a de chamar de cobra as pessoas que vivem de atrapalhar a relação amorosa alheia, os famosos talaricos.
Esses seres não são cobras. Isso se estamos falando de "trairagem" emocional. E isso porque as cobras respeitam o cio dos de sua espécie.
Mesmo que os machos possam copular com mais de uma fêmea em um curto espaço de tempo, as cobrinhas não vão ao ninho das outras roubar seus parceiros. Tudo bem que alguns senhores serpentes não são lá muito cooperativos na busca por uma princesa rastejante e podem até brigar entre si, mas as mocinhas são mais discretas. Elas deixam seu rastro de amor, ops, feromônios, pelo caminho e algum moço víbora que percebe a "deixa" vai atrás da guria serpenteante e a mágica acontece, não sem antes um flerte. Sim! Até as cobras gostam de preliminares!
Só os machos brigam entre si para ter uma fêmea e sim, uma vez que um vence a disputa, os outros saem de cena. Já fura-olho comemora centenário de talaricagem.
Para essas cobras de espécie humana, da família dos descarados sem noção fica o aviso: se passar perto do meu xodó, vou lhe mostrar o significado amazonense de "o pau lhe acha". Porque sim, eu confio no meu taco, mas ele fica melhor imprimindo hematomas na sua cara.