A Fábula do Livre Mercado

Nessa semana, a concessionária do Aeroporto de Viracopos, na cidade paulista de Campinas pediu recuperação judicial. O local era um serviço público que passou por um processo de privatização e hoje seus acionistas não conseguem manter seus gastos. É a velha fábula do livre mercado - privatizam o setor público com a premissa de oferecer um melhor serviço à população. Entretanto, quando o empreendimento comercial entra em crise financeira, seus donos pedem socorro monetário ao Estado "malvadão e interventor" para recuperar as suas finanças, aquelas que são frutos da "equilibrada" lógica neoliberal de gestão econômica. Em tais situações parece que a mão invisível se esbofeteia mediante a não concretização de sua verborragia baseada na eficiência e autorregulação dos entes privados.

Alguém poderia questionar: qual é a real vantagem do Estado em ter que ajudar essa empresa após sua privatização? Obviamente que nenhuma do ponto de vista coletivo. Como dizia o velho Marx, no sistema capitalista, o Estado é o comitê da burguesia. E como no Brasil nossos parlamentares são sustentados pelas empresas, os mesmos inclusive perdoam as dívidas delas (o Itaú e a Oi são bons exemplos): usam a máquina pública para dar uma "ajudinha especial" para os negócios dos compadres.

Vivemos num capitalismo gangster, sistema no qual se sangram os cofres públicos, se tiram dinheiro de hospitais e escolas para socorrer interesses de empresas privadas e render fortunas para rentistas. E enquanto isso, a opinião pública, a classe média bilontra em suas fantasias de meritocracia, grita aos quatro ventos: menos Estado, mais mercado privado... Menos Marx e mais Mises.

07.05.2018

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 13/04/2022
Reeditado em 13/04/2022
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