NOS CAMINHOS DO SENHOR

Ailton Elisiário

 

     Eram 22:40 horas da noite de 26 de março de 2022 quando o Boeing 320A da TAP pousou suavemente numa das pistas do Aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv. Começávamos ali em Israel a nossa peregrinação pelos Caminhos do Senhor em busca da Terra Santa. Um grupo de 26 peregrinos brasileiros vindos da região Nordeste, originários da Paraíba e Alagoas, guiados espiritualmente pelo padre Leandro da Normandia,  que era auxiliado pelo padre Weslley Rangel. O grupo que havia sido organizado por Terezinha Taveira e Lúcia Santos, seria conduzido pelo guia turístico local Iuval Rosenbergy, coadjuvado pela guia Fátima de Midões, da agência Catedral Viagens.

     Peregrinar significa andar por lugares distantes, ir em romaria. Saímos do conforto de nossas casas no dia anterior para irmos a Jerusalém, cidade sagrada para os cristãos, judeus e muçulmanos. Para os cristãos pela passagem de Jesus, conforme relato dos Evangelhos; para os judeus, desde que o rei David conquistou-a transformando-a no reino de Judá; para os muçulmanos, pela ascensão de Maomé. E como cristãos, nada mais gratificante andar por onde andou o nosso Salvador, para sentirmos de perto as suas dores e nos revigorarmos em sua ressurreição.

     Deixando a aeronave fomos conduzidos dentro do aeroporto a realizar o teste da Covid. Não antes de termos sido advertidos insistentemente por uma funcionária para que tomássemos certos cuidados com o intuito de evitarmos quaisquer dissabores com o pessoal da imigração, o que deixou todo o grupo apreensivo e estressado. Testados, nos dirigimos ao hotel para o repouso noturno, depois de mais de doze horas de voo.

     Tel Aviv é a segunda maior cidade de Israel, reconhecida internacionalmente e por vezes referida como a sua capital de fato. Unificada à cidade de Jaffa em 1950, desde então tornou-se o centro comercial e financeiro do Estado de Israel. Iniciamos, pois, aqui a nossa caminhada, já nos dirigindo a Jaffa ou antiga Joppa, descrita nos Atos dos Apóstolos, para visitarmos a Igreja de São Pedro.

     Em Jaffa foi onde Jonas embarcou para fugir do Senhor para Társis (Jn 1, 1-3) e por onde chegaram os cedros do Líbano para a construção do Templo de Salomão (2 Cr 2, 15). Nessa cidade, o apóstolo Pedro após ter ressuscitado Tabita dentre os mortos (At 9, 36-41), uma discípula de Jesus, hospedou-se na casa de Simão, o Curtidor (At 9, 43; 10, 5-7), local que conhecemos e hoje ocupada por uma família judaica.

     O curtidor era tido por impuro, porque curtia a pele de animais mortos (Lv 11, 31-40). Na época de Jesus, porém, a ocupação de curtidor era olhada com desprezo, sendo essa profissão desonrada, por causa do cheiro desagradável que lhe era associado. O curtidor embora estivesse na posição mais baixa da escala social, não era um proscrito religioso. Por isto, Pedro hospedando-se na casa de Simão facilitava a aceitação do Evangelho pelos pobres e desfavorecidos sem, contudo, desrespeitar a lei.

     A Igreja foi erguida sobre os restos de uma igreja bizantina, voltada para o oeste, ou seja, em direção a Roma, contrariando a tradição em que as igrejas se voltam para o leste, em direção a Jerusalém. Com cerca de 60.000 habitantes, a cidade portuária de Jaffa tem a maior parte de seus habitantes judeus, seguidos de árabes e por fim cristãos.

     De Jaffa nos destinamos a Haifa, cidade localizada no Monte Carmelo, onde visitamos o Mosteiro Carmelita de Stella Maris. É a terceira maior cidade de Israel e desempenha papel importante na economia israelense. Tem vários parques de alta tecnologia, um porto industrial e uma refinaria de petróleo. Trata-se de uma cidade em que o trabalho se sobressai, demonstrada na frase “Haifa trabalha, Jerusalém reza e Tel Aviv diverte”.  

     Aos pés do Monte Carmelo o profeta Elias lutou contra os profetas de Baal e se refugiou na encosta de nome “estrela do mar”. Nesse lugar houve dois sacrifícios, um dos quais o Senhor enviou fogo do céu consumindo todo o altar (1 Reis 18, 38-39). O Mosteiro Carmelita Stella Maris abriga a igreja, na qual há uma pequena caverna onde o profeta teria permanecido. Também destaca o escapulário que São Josemaria Escrivá difundiu: “Traz sobre o teu peito o santo escapulário do Carmo”.

     Final do primeiro dia de andanças em Israel. Tomamos hotel na cidade de Tiberíades, uma cidade situada às margens do Mar da Galileia, fundada no ano 20 por Herodes Antipas, filho de Herodes, o Grande, em homenagem ao imperador romano Tibério.

Ailton Elisiario
Enviado por Ailton Elisiario em 10/04/2022
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