ESCRITAS E MELODIAS
Críticas por ter sido agraciado com o Nobel de Literatura pode parecer crueldade com Bob Dylan, mas parece que ele também sentiu-se um pouco constrangido e talvez por isto demorou-se não menos que dois anos para receber a premiação.
Claro que baseado em fragmentos de algumas letras dele, traduzidas ao português perdem muito da expressividade, pela escassez de palavras inglesas, diferentemente do que temos no mundo colonizado pelos lusitanos.
Um fragmento dos versos de Lay, Lady, Lay (Fique, senhora, fique):
"Deite, senhora, deite, deite-se em minha grande cama de metal ...
Fique, senhora, fique, fique enquanto ainda temos toda a noite à frente ..."
Parece tão simplório, entretanto ao escutar a música denota-se que a riqueza está no conjunto versos-melodia, mas muito mais pela melodia, assim como o inverso, se dá com músicas de melodia pobre e versos geniais.
Pois bem, seguindo a senda de entrelaçar versos com notas musicais temos as músicas, canções ou qualquer outra denominação que se dê, os versos recebem um brilho diferente daquele dado nas dimensões do papel ou do simples recitar, assim transformam-se em algo quase holográfico.
Este efeito deu ao Gilberto Gil o direito de apresentar-se ao rito de imortalidade, aliás, ele já era imortal, talvez um imortal informal e genérico e agora somente das letras.
Quem sabe urja duas providências, a criação do Prêmio Nobel da Música e a criação da ABM - Academia Brasileira de Músicas.
Um exemplo desta urgência é a forma impressionante como os autores de músicas dão sentido as palavras, numa frase por mais singela que seja. Adoniran Barbosa, gênio, mesmo contrariando a gramática, jamais pertenceria a qualquer academia de letras, já a de músicas , provavelmente!