Breves Reflexões Sobre o Sentido da Existência

Eu reflito sobre a acidentalidade no mundo, o absurdo, os paradoxos, o incerto - fatores intrínsecos à existência humana. E percebo que é justamente a falta de “sentido” último à vida que a torna uma experiência genuína – o homem aceita a sua condição e passa a ser humano de outra forma (limitado, sofredor e rodeado de ilusões). A vida não necessita de explicações objetivas, argumentos ou justificativas. O motivo para essa posição é simples: se a vida tivesse realmente um sentido fora dela, distinto dela mesma, todo o seu valor se perderia.

É diante dos pavores, paradoxos, sofrimentos e pedras em geral que diariamente atinge cada um, que o ser humano encontra algo pelo qual deva viver – o homem cria o próprio sentido que a tudo isso suporte e guie, mesmo que ele seja efêmero e racionalmente não se sustente.

É isso que faz um teísta seguir rigidamente uma religião mesmo diante do continuo silencio de seu deus, um judeu ter esperança mesmo sabendo que está indo para uma câmara de gás nazista, que um jovem no continente africano (deteriorado pela inanição) continue lutando para manter seu corpo funcionando. Em todos esses casos, aquele que respira, cria para si um mundo simbólico que alivia as intempéries sofridas.

Para muito além das necessidades fisiológicas, o homo sapiens é aquele que precisa pensar algo, imaginar um motivo (mesmo que ilusório) que dê motivação a toda sua epopeia existencial, a qual, no final, será húmus em um frio túmulo. Mas pelo menos teve delícias/emoções alicerçadas pelo sentido que atribuiu aos seus dias – é preciso imaginar Sísifo feliz!

10.02.2018

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 09/04/2022
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