AS ESCUTAS DO TREM
Não há local mas acalentador ao espírito curioso do homem que um transporte público; na estorinha de hoje lhes conto o seguinte: uma mãe das boas, que acorda cedo e dorme tarde pela organização família - em busca do pão de cada dia fala com o filho ao telefone:
- Você Rogério, tem que fazer a sua parte, você não está fazendo sua parte, a vida é assim... Tudo tem consequências... Vou te ajudar a estudar mais, tô chegando já em casa, você tem que aprender... vai crescer e as coisas são difíceis.
Querendo ou não, acaba escutando conversas desse tipo, horas por indelicadeza do ouvinte outras pelo bem estar do locutor em resolver suas mazelas dentro do trem!
Bem, as perguntas que fica, quanto anos tem Rogério? Tem o pai presente? Irmãos? A mãe luta o dia todo pelo filho e ainda presta assistências aos estudos, prestar assistência?
E o papel da escola? E os ensinos da mãe? Sabe lá Deus das circunstâncias e das maneiras que nós erramos tentando acertar. Cada qual traumatiza como um dia foi traumatizado.
Tadinho de Rogério, a prova é amanhã... E hoje ele tem que aprender matemática, com a paciência de alguém que foi sufocada desde as primeiras horas dos dias, e agora vemos o amor ou a indiferença.