"TSUNAMI DO SOM"
(para Elis Regina)
Não sei se me identifico com Elis Regina conforme me pede o tópico da Comunidade Orkutiana. Por isso, nem sei se irão entender o que desejo dizer, mas vou tentar:
Percebo, ao participar de algumas comunidades de Elis, que seus fãs se diversificam quanto à idade, cultura, religião... que bom! Mas que também possuem um traço forte em comum: todos são fanáticos por ela Não aceitam qualquer opinião que não seja a de pura idolatria e eu já senti isso na pele... (rs). Quase me crucificaram quando eu ousei dizer que não apreciava a “semelhança" exagerada de Maria Rita com a mãe famosa ...
É, e eu não sei (quanta heresia!) todas as músicas de Elis de cor; algumas nunca ouvi (o que não quer dizer que nunca ouvirei)... a maioria delas está mesmo na minha memória e delas nem sei o nome certo - algumas eu não gosto e ponto. Não, também não sei repetir todas as frases que algum dia ela disse.
Posto isso, direi que vi Elis chegar timidamente; cantar com seu jeito de borboleta louca, revirando todo o tom e todo o estilo da música brasileira! Vi Elis cantar ora muito pintada, ora quase sem pintura; usar roupa masculina com flor nos cabelos - que mudavam de corte toda hora - e usar vestidinhos trapézio com gola exagerada para seu metro e meio.
Eu a vi sorrir demais, chorar demais - se emocionar, se enraivecer. Fazer muitos amigos fiéis e, de graça, arranjar inimigos poderosos, sempre por causa da língua ferina, direta - ardida como pimenta!
E casar, engravidar, descasar (num tempo em que isto era bem complicado), flertar, namorar muito - assumindo apaixonadamente seus amores e idem os seus desafetos. Dar emprego a vários músicos; gravar compositores desconhecidos tirando-os imediatamente do anonimato e também reerguer artistas esquecidos na tristeza da fama que cedo morre...
Vi Elis viajar, encantar o mundo, dividir opiniões, esnobar algumas das outras boas cantoras, armar barraco ou, de repente, estender a mão a quem dela precisava, mas não esperava.
E cantar cada vez melhor !!!
É, e eu cantei junto com ela, ao vivo, em preto e branco e a cores, ensinei o dono da Comunidade e meus filhos a amá-la; tive cabelo quase como o seu e roupas dos mesmos modelos - era a moda. E algumas de suas músicas marcaram minha trajetória de vida.
Assim sendo, nunca poderei esquecer, apagar, varrer esta pequena grande mulher de minha mente e de minha história.
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Não, não me identifico com ela. Minha admiração não é cega, mas consciente, verdadeira, invencível. E eu sei que essa personalidade, tão docemente apimentada, passou pelo Planeta como um "Tsunami do Som", ‘arrastando’ tudo atrás de si e deixando aqui um rastro de luz tão brilhante que, anos depois, muitos anos depois de sua partida, continua encantando o mundo em que vivemos!
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É isto.
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Silvia Regina Costa Lima
10/03/2006
Escrito para uma Comunidade do Orkut
eu aos 17 anos: