AI, AI, AI
Todo dia lá estava ela, com seu andar lindo e inigualável. Ele só observava, de longe, impávido. Os olhares e cheiros se misturavam formando uma massa única. Nunca chegaram a se tocar, aquele amor só vivia daquela forma e naquela distância, ela lá, ele cá. Pensamentos alvoraçavam na cabeça dele, alguns maliciosos, outros magistralmente ternos. Assim foi ao longo dos anos. Ele já acordava contando os segundos até que ela passasse em frente ao portão e lhe desse a maior alegria do dia. Quando a via partindo, ai, ai, ai. O rabinho dela balançando sumindo ao longe, pouco a pouco, era pior do que se tivessem lhe arrancado toda a sua alma de um vez só.