Nada nesta vida é por acaso...

Em 2011, meu companheiro e eu estávamos em um mato sem cachorro, então o grande amigo, Claudio, nos indicou para zeladores de um sítio, no bairro Lajeado, extremo sul de Porto Alegre. Lá fomos nós, só com a roupa do corpo e os dois gatos, que tínhamos, na época. Chegando lá, duas lindas meninas nos recepcionaram, a Tita e a Lulu. Odiavam tomar banho e esta era uma das tarefas mais desafiadoras, para o bom andamento das nossas funções, pois os donos da casa só chegavam no sitio, para os finais de semana. De manhã, ao abrir a porta, era aquela linda Natureza, te abraçando, e dando a certeza de que Deus, não esqueceu de nada. Tinham uns Beija Flores simpáticos, que chegavam bem perto. Eu os chamava de Mauricio! Todos atendiam por este nome. A primeira aranha caranguejeira que vi, gritei muito. No outro dia, eu as batizei, cada uma com um nome. Elas também tem sentimentos! A única espécie que não consegui fazer amizade, foi com as cobras. Eram muitas, de todos os tamanhos e cores. Tinha uma enorme, que morava no telhado da casa do caseiro. Pela manhã, ela se rastejava pelas árvores bem altas e só voltava a noite! Era linda e colorida! Tinham sapos de todos os tamanhos e um, enorme, que gostava de tomar banho de piscina. Certa manhã, o tiramos de lá e o apelidamos de Zezinho! Os Bugios cheios de dignidade, que quando o tempo estava para virar, eles emitiam um som ensurdecedor, que ecoava pela mata. Muito lindo, mas no primeiro instante, me assustou. Aprendi a conhecer as orquídeas e entender sua única beleza. A água vinha de uma fonte pura, através de canos dispostos, pelo canteiro. Uma água sempre pura. Os Sabiás tomavam banho e desfilavam pelo caminho da água. Muito lindos, vistos bem de perto, com toda a grandeza de um sábio pássaro. Além de telas, em todas as janelas da casa do caseiro, o Olavo fez uma porta com tela, para que os nossos gatos tivessem uma visão maior e melhor do movimento na mata. As cachorras odiavam gatos, e nem olhavam para eles diretamente, mas havia o respeito. Coisa mais linda! Também encontrávamos coquinhos pelo chão, e adivinhávamos os lobinhos que se reuniam, pela madrugada. Nunca os vimos. Os bichos Preguiça, nos troncos das árvores. Os pássaros de diversas cores, que imigravam para lá, em determinadas épocas do ano. Folhas de árvores que mudavam de textura. Nenhum detalhe foi esquecido. As visitas do Claudio, Everton e Ricardo, em muitas segundas feiras, com minha mãe, que pegava carona. Dias maravilhosos, com muita risada e certeza da vida. Gratidão sempre! De lá, restou uma amiga querida, a Léia Lima, pessoa rara, com um tempero inigualável e uma amizade sincera e inesquecível. Gratidão! Ficaram estas lindas fotos e lembrança do muito que aprendi! Hoje penso, em como tive coragem para enfrentar os temporais do morro, que eram destruidores. Os raios que nunca nos atingiram. Quando olhamos para trás, é a vida abençoada, que nos colocou a prova, mas cuidou de nós!

 

 

Angela Lara
Enviado por Angela Lara em 03/04/2022
Reeditado em 04/04/2022
Código do texto: T7487252
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