“O bom humor é um dos melhores artigos de vestuário que se deve usar em sociedade”, já dizia muito bem o vitoriano escritor William Thackeray e, dado o tempo em que ele viveu, século 19, estou plenamente de acordo, ainda mais se levarmos em conta que naquela época não havia estudos científicos que comprovassem que o riso e o bom humor poderiam trazer muito mais benefícios aos cidadãos do que simplesmente estreitar as relações sociais. Há muito tempo que a ciência vem comprovando que rir é o melhor remédio para muitos malefícios.

     Na literatura há inúmeros casos de escritores que possuem a perspicácia, inteligência, e sensibilidade também, para trazer ao leitor um olhar diferenciado e divertido das situações do cotidiano através de suas crônicas de costumes. Há outros que, dando voos mais altos, criam personagens muito engraçados, cativantes, que conseguem nos fazer bem ao provocar aquele nosso sorriso bobo e, até mesmo, boas gargalhadas quando estamos sozinhos a ler as suas aventuras.

     O escritor Max Rocha, meu amigo do Recanto das Letras, até onde sei, é um autor pouco propenso às brincadeiras, pois tem um perfil assim mais circunspecto. Quando não está flertando com a Ficção Científica ou terror, seus textos têm um teor mais filosófico, contemplativo, expressam com propriedade as suas percepções sobre a vida e o cotidiano, sempre temperados com uma prosa muito competente e, não raras vezes, poética. Quem já teve a grata oportunidade de ler “Carta ao leitor ansioso”, “Crônica da Amizade” ou “Conto do menino urbano”, apenas para citar alguns exemplos da sua vasta obra de crônicas e contos, sabe do que eu estou falando.

     Então, em um certo dia, ao correr os olhos pelo site Recanto das Letras, qual não foi a minha surpresa quando me deparei com o impagável jovem detetive Ed Ronaldo em “A Trilha Perdida, o caso dos pets desaparecidos”, uma narrativa detetivesca singular e muito divertida que abre esta coletânea de contos sobre este personagem encantador e folgazão.

     Você, nobre leitor, nesta antologia, terá a oportunidade de acompanhar algumas impressionantes façanhas investigativas de Ed Ronaldo, um imodesto jovem detetive de 23 anos, que ainda não conseguiu se desvencilhar completamente da adolescência, mas possuidor de uma mente privilegiada e poder de dedução comparáveis aos melhores investigadores da ficção como Sherlock Holmes e Hercule Poirot, por exemplo. Não que Max queira se comparar a Arthur Conan Doyle ou Agatha Christie, que fique bem claro, mas é assim mesmo que o próprio Ed, com a maior naturalidade divertida do mundo, costuma se considerar.

     Alguns casos conduzidos por Ed, graduado em tempo recorde nas aulas relâmpagos de 50 minutos do Youtube, e outras faculdades adquiridas sob a instrução autodidata do mesmo nível, têm a sua graça anedótica não tanto pelo mistério das situações corriqueiras, mas sim pelas observações soberbas de sua própria capacidade intelectual em dar andamento às investigações.

     Além de uma mente incrivelmente afiada, que requer boas horas de sono pelo frenético metabolismo necessário à sua elevadíssima demanda cerebral, segundo ele mesmo, claro, este nosso intrépido herói ainda possui um orgulho desmedido por sua parafernália tecnológica, da qual o relógio espião russo tem presença sempre garantida, embora seja-lhe de pouca utilidade prática na maioria das vezes.

     Portanto, se você, leitor, tiver um amigo, parente, ou colega de profissão que encontra-se desanimado com os reveses da vida, mas sabe-se que o tal gosta de uma leitura divertida e despretensiosa, administre-lhe um excelente remédio a fim de lhe aliviar o estresse e recomende as estrepolias investigativas de Ed Ronaldo, o detetive soberbo. Tenho certeza que isso lhe fará muito bem.

Este é um dos textos de apresentação (prefácio) escrito por mim para o livro do meu amigo Max Rocha

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