Hoje, primeiro de abril, mesmo que sendo corrompido pela semelhança cotidiana, comemora-se o dia da mentira.
Em velhos tempos, este dia era dominado pelas brincadeiras, pelas pegadinhas, pelo humor, tendo a mentira como coisa eventual, presente de forma abrangente somente no primeiro de abril.
E vejo que a representatividade do primeiro de abril, como dia da mentira, vai-se esvaindo ano a ano. Tanto que se nos atermos a juventude, aos jovens, raramente vimos menção ao primeiro de abril como dia da mentira.
Entendo porquê!!! Entendo sim.
A mentira, o faz de conta, a hipocrisia toma corpo, toma os anos, toma os dias todos, não mais justificando ter um dia para que a ela seja livre e vigore.
Não que essa forma com que a sociedade, com que a convivência social tenha como perna a mentira, seja coisa nova, coisa de hoje. Mas convenhamos que ela cresce de forma galopante, deixando de ser apenas um recurso eventual, para ser uma conduta costumeira, rotineira, padrão.
Essa mentira coletiva a própria história relata desde os mais remotos tempos, mas meio que utilizada para a indução de massa, para encurralar os pobres e fazê-los dependentes.
A história conta sim que a mentira deslavada vigora de há muito, tendo a igreja, a fé e o medo imposto como a mais deslavada mentira em sua plenitude, para ludibriar e conduzir a massa para o picadeiro.
A história mostra a mentira como arma para manter a subserviência dos pobres perante os ricos. Desde o tempo do plebeus diante do feudo.
Atualmente, contudo, assistimos a mentira como algo presente em tudo, em todos, diante de tudo e todos. O mundo vive uma mentira global. A bolsa de valores, o dólar como moeda universal, submetendo até o ouro a um segundo plano.
Vimos a política como o cúmulo da mentira, chegando a evidência de que excluída a mentira, os partidos e o lido político simplesmente não existe. Vimos as redes sociais como um mecanismo a serviço da mentira coletivo, generalizada, já sendo parte integrante e preponderante da vida social, familiar, corporativa, mercantilista, etc. etc.
Realmente não tem mais razão de ser a insistência de termos primeiro de abril como o dia da mentira. Abaixo primeiro de abril.