AS VEZES NO SILÊNCIO
AS VEZES NO SILÊNCIO
01abr22
As vezes no silêncio me ponho a pensar que país é esse. E aí me vem à mente o samba do criolo doido em que se tornou esta nossa pátria. Joaquins Silvérios se dizem presentes a cada dia, daqueles três da semana em que tentam justificar a representação que lhes demos nas urnas, nas casas que nos pertencem, lá no planalto central.
Traidores da pátria, traidores de si mesmo, pois tiveram e têm o arbítrio de serem o que quiserem ser. Se a sinistra mão foi a escolhida, veja em que se transformaram aqueles que por ela caminham. Ladrões do povo, pois lhes roubam não só o vil metal, mas lhes roubam a mente, por vezes fruto da desnutrição do próprio caráter.
Heróis que ao tirarem as máscaras se mostram desprovidos da coragem antes espelhadas quando trajavam negras togas. Se dizem pastores do caminho do meio, mas não conseguem mostrar qual é este caminho, pois ele se encontra no topo do muro fino e estreito, que faz com que aquele que por ele transita fatalmente e, num curto tempo, caia para um ou outro lado deixando no muro sua fantasia.
Outros se apoiam na certeza de que palavras ditas são vento que se perdem no espaço, e as usam de forma rebuscada fazendo com que o entendimento seja dúbio e assim que muitos entendam que não fica e outro tanto entendendo que fica. Usam de um instrumento que amplia o volume da fala, instrumentos que são empunhados por muitos que modulam as mentiras ditas em verdades e vice-versa, desonrando cuecas ou calcinhas que vestem ou não e criam celebridades que orbitam no vácuo das inteligências.
E é neste silêncio protetor que por vezes procuramos, é que encontramos verdades no gesto, na expressão da face, na fortuita lágrima que escorre, num olhar ou no palavrão que não enrubesce a mais cândida carola.
Hoje somos surdos intelectuais que só ouvimos as explosões de um mundo degradado por falsos deuses que se julgam milagreiros criados a imagem e semelhança de João de deus, o papa anjo de nossa era.
Geraldo Cerqueira