DA BOCA PRA FORA

É comum dizer-se que alguém falou da “boca pra fora” quando essa pessoa não se tem a mínima intensão de cumprir o que foi dito.

Também é comum fazer-se juramento em cerimônia que consolide rito de passagem, imposição de grau acadêmico ou posse em determinadas funções públicas, mas para algumas pessoas, sem a noção do que seja honra, sinceridade e destemor no cumprimento da palavra empenhada, tal juramento não tem significado algum nem lhe obriga ao compromisso cujo juramento foi feito da boca pra fora.

Desde o ano passado (2021) estamos acompanhando o deprimente espetáculo de desrespeito às normas constitucionais, aos arroubos ditatoriais de “excelências”, togadas ou não, e o cinismo estampado nas caras lavadas desses agentes públicos.

Ontem, 31/03/2022, veio a público mais uma aberração envolvendo o caso do deputado acusado de atentar contra as instituições democráticas. Palavras bonitas para mascarar o absurdo de tudo o que envolve tal processo, cuja origem e permanência é um atentado à ordem jurídica, identificável por qualquer rábula iniciante.

Em declaração em rede nacional, a deputada relatora do caso revelou os crimes de prevaricação e de perjúrio cometidos por ela e pelos demais deputados federais ao votarem pela manutenção do processo ilegal e prisão do deputado réu, a fim satisfazer a conveniência processual do presidente da casa, resguardar a “autoridade” e “amansar” a fúria do militante político travestido de ministro do stf que, no acordo espúrio, havia prometido reverter a prisão em dez dias.

Prometeu, mas não cumpriu, como está evidente pelas ações que culminaram com a colocação de tornozeleira eletrônica no deputado.

Ela e os demais deputados que votaram pelo provimento da ação, descumpriram o caput do Art. 53 da Constituição Federal e estão incursos nos Art. 319 e 342 do Código Penal.

As perguntas que ficam são:

- O juramento de cumprir e fazer cumprir a Constituição Federal, feito no ato de posse do ministro e dos deputados foi para valer ou foi só da boca pra fora?

- Serão punidos por isso?

- Até quando continuaremos elegendo, nos envergonhando e arrependendo de ter votado em pessoas acusadas de envolvimento com tráfico de drogas, pedofilia, corrupção, que respondem a processos judiciais, que barganham influência e desviam verbas, que fazem ajeitadinhos em arranjos espúrios e acordos próprios de bando delinquente?