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Logo cedo, Virginia abre a janela de sua sala e se depara com dois casais de “canários da terra” fisgando sementes no gramado de seu jardim.

A pitangueira que tem bem à frente, bamboleando com vento e as folhas secas indo ao ar...

A natureza anunciando a chegada de uma nova estação.

Encantada com todo o cenário dá continuidade á seus afazeres.

Vai ao banheiro se lavar, mas põe novamente o pijama.

-- Ninguém merece arrumar casa vestindo roupas apertadas, prefiro assim, livre.

Vou por uma musica, vai ser divertido. - diz sozinha, em frente ao espelho.

Sai do banheiro e vai logo em direção á seu rádio, ao ligar procura sua emissora preferia.

A "rádio pop rock FM", onde toca as musicas que mais gosta.

Engenheiros do Hawaii é o que mais tocam e ela adora!

Quando finalmente achou sua emissora, estava terminando de tocar "primeiros erros - Capital inicial" e Virginia se lamentou por isso.

Mas logo começou "Era Um Garoto Que Como Eu - Engenheiros do Hawaii" e ela rapidamente aumentou o volume.

Se não estivesse tão cedo, colocaria no Maximo, de tanta empolgação.

Pegou a vassoura e começou a varrer, teve um momento em que não sabia se varria, se pulava ou se usava a mesma como microfone.

Quando cantou "Stop! Com Rolling Stones”, jogou a coitada da vassoura no chão, ergueu um braço fazendo um tipo de coreografia que somente ela poderia entender e gritou “Stop”! Com Beatles songs

“No peito um coração não há Mas duas medalhas sim...” e pulava, e cantava (quase gritava), e dançava...

Enfim ela parou um pouco, respirou e pôs as mãos sobre o peito.

--Virginia do céu, se tivesse alguém te olhando com certeza te chamaria de doida! - diz sozinha, ofegante e rindo de si mesma.

A musica termina, ela recupera o fôlego e volta as tarefas.

No rádio um homem chamado Chico informa sobre a chegada da primavera

--Ah, isso eu já sei! Notei logo que vi os canarinhos - diz satisfeita.

Começa a tocar Frejat "Nos seus olhos quero descobrir uma razão para viver"...

É quase que impossível não cantar e não se emocionar com a letra. E a musica continua

"E as feridas dessa vida eu quero esquecer", neste momento uma lagrima escorre por seu rosto.

Talvez tenha lhe despertado alguma lembrança, uma talvez desilusão, ou seja, apenas por conta da música, ela é realmente tocante.

Virginia termina seus afazeres e toma um copo de água. Pega outro, desta vez com água quente, prepara um chá e vai para a sala.

Põe seu chá encima da mesinha e senta-se no sofá, o esperando esfriar. Mas vencida pelo cansaço, adormece.

Yasmim Castro
Enviado por Yasmim Castro em 30/03/2022
Reeditado em 30/03/2022
Código do texto: T7484651
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