Merecimento leonino

Chegou o momento de um encontro único para o futebol cearense, pela primeira vez em 63 anos, um clube da capital vai disputar a Libertadores da América. Emblemático ser um time que esteve oito anos na Série C do Brasileirão e que no comando de um argentino Vojvoda, tenha a partir do dia 7 de abril contra o Colo Colo (CH), a chance de marcar seu nome na maior competição de futebol da América Latina e segunda maior de clubes do mundo.

Leão do Pici, clube de 103 anos de história. Clodoaldo, Mozart, Sandro Gaúcho, Rinaldo, Chinezinho, Artuzinho, Elói, Ribamar Bezerra, Ferdinanho Teixeira, e tantos outros jogadores e dirigentes que vestiram essa camisa tricolor e conseguiram levar o clube ao seu maior momento. Do Nordeste um dia esquecido, pelas politicas públicas, do nosso Estado do Ceará que muitas vezes foi tão negligenciado, a termos um estádio como a Arena Castelão de grandes clássicos reis, de jogos da Copa do Mundo, Eliminatórias, de festas bonitas, de mosaicos que encantam o mundo.

Foi mais difícil chegar em 4° lugar no Campeonato Brasileiro de 2021, por isso tão marcante, tão eletrizante essa conquista. Quis o destino que no Grupo do Fortaleza, estivesse o River Plate de Galhardo, um confronto que vai colocar nosso amado futebol em outro nível.

Não menos importante, tem ali dois dias antes do Tricolor do Pici, no mesmo palco, dia 5 de abril, o Vozão estreia contra o Rey de Copas. O Independiente da Argentina, maior vencedor da Libertadores da América e que se não vem bem na atual temporada, trás uma camisa pesada para o Ceará Sporting Club em mais uma edição da Copa Sulamericana.

Em termos de disputa local, o Alvinegro de Porangabussu está em desvantagem contra seu maior rival e por isso o peso da comparação brutal que as cores alvinegras passam. Mas faz parte do processo. Hoje brigamos por cima. Brigamos para ver quem é o maior e não quem é o pior. Só olhar para nossos rivais na região: Bahia, Sport, Vitória, Naútico, Santa Cruz, CSA e CRB. Estamos por cima da carne seca. Temos que ter humildade, serenidade e equilíbrio para não fazermos loucura. Mas o caminho está traçado para sedimentar o nosso futebol num nível que merece entre os maiores do Brasil.