A heroína ensanguentada

A HEROÍNA ENSANGUENTADA

Miguel Carqueija

 

 

Hikaru Shidou, uma das três “Guerreiras Mágicas de Rayearth”, destaca-se pelo seu temperamento impávido e seu caráter extremamente reto e bondoso. Conhecida no Brasil como Lucy (coisas de dublagem) ela surgiu em 1993 nos mangás e depois nas animações da CLAMP, quarteto feminino de criadoras japonesas.

Com Fuu Hououji e Umi Ryuuzaki (todas com apenas 14 anos) ela sofreu um arrebatamento da Torre de Tóquio e foi parar num outro espaço-tempo, no mundo de Cefiro, chamadas pelo poder da Princesa Esmeraud para cumprir a profecia secular, de que aquele planeta que caminhava para a destruição seria salvo pelas três guerreiras lendárias que teriam de vir de outro mundo.

Mais rápida que as outras duas, Hikaru (nome que significa luz ou brilho) se adapta à situação, aprende a ser uma guerreira mágica e demonstra o tempo todo um caráter generoso, incapaz de sentir medo, sempre disposta a ajudar quem precisa e quem ela ama, não se importando com o que possa lhe acontecer. E mesmo ensanguentada, não demonstrando sentir dor nem fraqueza, ela prossegue com o que tem de fazer e não recua diante de nenhum inimigo, por mais poderoso que pareça. Restabelecer o Pilar de Cefiro, socorrer a Princesa, salvar a população do medo que avassala o planeta, é a grande preocupação de Hikaru, na verdade a “Luz da Terra” (Rayearth, no título da série) que vem iluminar um mundo tomado por monstros e pelas trevas.

 

 

As cenas em que Hikaru aparece ensanguentada, porém estoica e firme como se não estivesse, são impactantes. Não obstante ela é inocente, amiga dos animais, dona de um grande coração. Hikaru Shidou é uma das personagens mais edificantes dos desenhos animados.

Pena é que, na maior parte dos casos, as séries japonesas têm começo, meio e fim, quando acabam, acabou mesmo, pois outras séries vão aparecendo. Sailor Moon (outra heroína mais que notável) é uma das poucas que vieram para ficar, mas das Guerreiras Mágicas de Rayearth, salvo engano, tudo o que existe é da década de 1990.

 

Rio de Janeiro, 28 de março de 2022.