SAUDADE DOS MAUS TEMPOS
Tem a história do pior marido do mundo. Bebia, não trabalhava, fazia tudo errado, batia na mulher, era o pior exemplo para os filhos e o restante da família. A esposa vivia chorando pelos quatro cantos da casa e só reclamava com quem encontrava pelo caminho. Verdadeira mártir, parecia que pagava uma pena sem fim. Tadinha dela. Num belo dia, o tal marido-traste se regenerou por milagre. Virou outra pessoa. Amável, carinhosa, dedicada, trabalhador exemplar e pai que dava o maior orgulho para seu entorno. Com isso, a esposa perdeu a pauta principal e motivo para lamuriar e maldizer a vida. O que iria choramingar com a vizinha? Como iria encarnar o papel de vítima? Acabaram os pretextos para se achar perseguida por um destino cruel e desumano. Ela então torcia por uma recaída do marido, que o jogasse no fosso dos desprezíveis e assim poderia retomar o papel de infeliz que, no fundo, era o que melhor lhe cabia.