TEMPOS DE AMOR.

As relações amorosas, que nem sempre são de amor, mais paixão, podem ser pensadas (e recordadas) em tempos mais ou menos curtos em relação à eternidade com a qual sonham apaixonados de toda espécie.

Fora os amores que evoluem de amizades e outros tipos, é comum o primeiro momento ser de muita euforia, de uma mágica misteriosa ou inexplicável e de uma falsa perfeição sobre o ser (objeto) amado. Sim, falsa, porque de um ponto de vista rigoroso não existe nada perfeito entre humanos. Ainda que é salutar acreditar que sim. Uma crença, necessariamente, não é relação obrigatória com o fato que lhe confirma.

Um outro momento, seguinte, pode ser o momento do despertar do desejo, tanto sexual como o romântico (afetivo). O desejo sexual é muito diferente do desejo por carinho, no início de uma relação. Ainda que os dois podem se confundir nas sensações que provocam. Pode-se pensar, sobre esse momento, como o momento mais ‘gostoso’. E também o mais ‘louco’.

Na medida em que o tempo avança sobre uma relação o grau de intensidade das sensações evolui. A intensidade da paixão e do amor dependem dessa evolução. Para muitos (diria, à maioria) a paixão dominará. Aos que tem a graça de serem afetados pelo amor a relação PODE ter futuro.

Futuro significa o destino de todas as relações. Não há relação humana sem futuro. Nem sempre é o futuro que desejam os amantes. Aliás, qualquer futuro que se apresenta, ele sempre será, no mínimo, de forma imprevisível, em parte. Há uma lógica previsível acerca de alguns aspectos, mas não afirmativo. Ou seja, que se configura tal e qual como são pensados. Não há previsão afirmativa sobre nada.

Nos tempos do amor, que se confunde com paixão e outros devaneios carnais e/ou sensoriais, vale a regrinha dos dois sentidos (gerais) que podem ser atribuídas às palavras: o concreto e o abstrato. O amor é, sempre, abstrato. Não há definição que serve para todos os amores vividos e sentidos.

O tempo do amor, de cada um, tem sentido concreto quando vale a pena, isso é, quando faz sofrer, sentir, recordar... Quando logo passa, quando apenas tem o sabor de um sorvete ou um chocolate, que se devora ao sabor do vento, o tempo do amor é abstrato.

A rigor, todo tempo do amor, é abstrato.