O Absurdo

Vive-se em um tempo no qual a palavra “absurdo” é muito utilizada, baseando-se no que já se vivenciou ao longo da história e no que ainda pode ser vivenciado. Entretanto, o grande ponto intrigante referente a isso é que quase não se questiona sobre o real significado do que é tido como um verdadeiro “absurdo”.

Através de uma breve pesquisa, observa-se que tal palavra é tida como sinônimo de irracional, algo que é desprovido de sentido ou de razão, e até mesmo algo que não pode ser realizado. Assim, não é difícil perceber o quanto se tornou comum o costume de entender trivialidades como eventos completamente desprovidos de realidade.

Nessa senda, e através de uma perspectiva curiosa, o filósofo Albert Camus afirma que “o absurdo é a razão lúcida que constata os seus limites”. Através dessa visão, é perceptível que a intenção do autor não é ver o absurdo como uma série de acontecimentos desconectados da realidade da vida, mas sim, algo definitivamente intrínseco ao fenômeno vital, uma vez que, a fim de complementar sua tese, Camus menciona que “constatar o absurdo da vida não pode ser um fim, mas apenas um começo”.

São infindáveis os acontecimentos que nos fazem, muitas vezes, definir o cotidiano como algo fora da curva ou atípico. Contudo, basta manter os olhos abertos para observar que o que tanto se define como exceção acontece naturalmente, igualmente a qualquer outro acontecimento entendido como ordinário.

É surpreendente como constantemente e cada vez mais as pessoas se espantam com o natural, vislumbram-se com o real e definem práticas habituais, corriqueiras e antigas como “absurdas”. O verdadeiro absurdo está em nossas veias e sempre fez parte da base formadora do ser humano, em qualquer sociedade e em qualquer tempo.

Portanto, após uma breve reflexão, talvez essa seja a conclusão apropriada para a presente discussão: Sabe o que é “absurdo”? O verdadeiro absurdo é que o absurdo se tornou banal!