A FUGA NOS FILTROS E A BUSCA DA BELEZA “IDEAL”
POR JOEL MARINHO
Não sou fotógrafo profissional, mas modéstia a parte até que de vez em quando faço umas “fotinhas” bem legaizinhas e não vou negar que uso uns filtros como cores, luminosidades, nitidez, entre outros para tornar a fotografia mais apreciável aos olhos, porém nada que modifique tanto, principalmente se ser o fotografado for o ser humano.
Penso eu que fotografias são para contar a história e eternizar em imagem parada um determinado momento de nossas vidas mantendo-nos o mais real possível, para quando em dez ou vinte anos olharmos aquela foto dizermos com espanto: nossa, como mudamos e não percebemos ou, que tempo legal e quão bacana termos esse registro, também pode ser de tempo ruim, afinal tudo faz parte da vida.
Pois bem, inventei de fazer umas fotos de uma pessoa há um tempo atrás, aí quando foi na hora da edição a pessoa exigiu que eu a deixasse magrinha, como ela idealizava ser. Me vi em uma “sinuca de bico” e como não tenho programas de edições mais sofisticado preferi dispensar o trabalho e não ter que pagar um absurdo para usar apenas uma vez em um trabalho que iria fazer quase de graça, não valeria a pena.
Aquela fala me despertou um outro olhar. Afinal, por que as pessoas buscam essa beleza “ideal” e tem vergonha do seu próprio corpo a ponto de aplicar fotoshop em suas fotos e mostrar outra pessoa nas redes sociais e não a si mesmo?
Olhando algumas pesquisas e prestando a atenção em status e perfis nas redes sociais cheguei à conclusão que estamos ficando doentes por conta da idealização alheia e da nossa própria idealização quanto a nós mesmo em busca de uma beleza a qual jamais irá existir a quem quer que seja. Buscamos nas fotos e vídeos de famosos esse corpo e rosto idealizados e desprezamos o nosso reflexo no espelho sem nem pensar que as fotos dos nossos “ídolos” nem se aproximam da realidade deles, na verdade são apenas fotos de um personagem criado por alguém no intuito de mostrar algo inexistente somente para vender algum produto.
Que louco, não é!
Pode parecer louco e na verdade é mesmo, porém as pessoas estão mais preocupadas com a sua imagem nas redes sociais que a sua própria vida real, aquela do dia a dia, do amanhecer com olheiras, do “pneuzinho” na barriga, das dores no corpo e da alegria de poder vestir uma roupinha velha e ficar o dia todo com a sensação de liberdade.
A “loucura” nesse sentido parece ser uma manifestação “demoníaca”, mas não é, na verdade é somente para serem aceitos em uma sociedade acostumada a padronizar e idealizar tudo e com isso os desenvolvedores de aplicativos da “perfeição” a cada dia criam coisas novas e ganham muito dinheiro, como se já não bastasse as empresas de cosméticos todos os dias nos mostrando um sinal, um melasma, uma mancha qualquer no nosso corpo e logo em seguida prometendo a solução milagrosa, agora os Apps de fotografia.
Sinceramente, não sou contra os Apps, até gosto de alguns, mas mudar o corpo ou a fisionomia em nome de uma beleza “ideal” é praticamente o cometimento de um crime, é como se fosse uma falsidade ideológica.
Enquanto isso os filtros tornam-se uma fuga da realidade aprisionando seres humanos em uma idealização altamente insana capaz de levar pessoas a loucura e cometer atentados contra a própria vida por não aceitar a sua realidade diária quando se desnuda em frente ao espelho e encontra-se cara a cara com o seu reflexo, reflexo esse de beleza única, de um único exemplar de pessoa feito sobre medida, porém não se aceita por estar mais preocupado com a “beleza inexistente” forjada pela mídia e pelas grandes empresas que dominam o mundo e as mentes humanas tendo lucros bilionários por ano.