ESSES “HOMENS DE DEUS”,... (QUANTO MAIOR O PODER, MENOR O PUDOR)

Com Milton Ribeiro no MEC, Bancada Evangélica e orçamento secreto são para os fracos; o negócio é ser amigo do amigo do Chefe!

Claudio Chaves

kafecomleit@hotmail.com

https://aforcadaideia.blogspot.com

www.facebook.com/claudinho.chandelli

AS EXPRESSÕES “DEUS” e “O NOME DE DEUS”, especialmente na cultura ocidental, normalmente são recebidas como sinônimas quando o assunto é o “poder de Deus”.

NO ENTANTO, além da impossibilidade material da comprovação da existência do Soberano do Universo, há nesse particular uma complexidade semântica adicional: a distinção desses poderes e suas finalidades. Ou seja, como distinguir, a partir dos discursos e ações humanas, qual poder é o de Deus e qual é o do nome dEle? Em outras palavras, como saber em quais acontecimentos Deus [considerando que Ele, de fato, existe e interfere em nosso cotidiano] tem participação direta, e em quais apenas o nome dEle é indevidamente invocado com os fins mais diversos e abjetos possíveis?

NO SEGUNDO caso (o emprego leviano do nome do Eterno), trata-se não exatamente de um poder literal do nome de Deus, mas, na verdade, de uma analogia do poder da narrativa que os salafrários imprimem ao se utilizarem levianamente desse nome e de toda mística que ele carrega.

POR ser abstrato e subjetivo, o nome de Deus (como o Próprio) pode ser invocado por quem quiser, quando, onde, através do meio e para o fim que bem quiser.

ASSIM sendo, o poderoso nome de Deus [ou os de deuses] tem, ao longo da história da humanidade, nas mais diferentes culturas e pelos mais diversos meios, sido utilizado para os propósitos mais diversos, estranhos e incompreensíveis à luz de qualquer nível de racionalidade, desde queimar filhos bebês como oferta à santidade a oferecer-se voluntariamente para morrer como sacrifício “vivo” ou simplesmente para garantir a sobrevivência de outro indivíduo, inclusive desconhecido ou até inimigo.

É NESSE contexto que temos assistido - principalmente com a ascensão do ramo neopentecostal do cristianismo no Brasil e sua acerimoniosa e voluptuosa entrada na política partidária – situações imorais, criminosas e as mais bizarras possíveis em todos os campos: da venda de terreno na Lua à propina abençoada, passando por negociações de vacinas superfaturadas, venda de “Títulos do Tesouro Mundial” e a distribuição prioritária de verbas para amigos do amigo do Presidente.

OS CRIMES sexuais – assunto que tanto alardeiam condenar e atribuir a seus desafetos – (envolvendo lideranças das mais diversas correntes religiosas, com destaque para as ditas cristãs) vão de abuso de menores (pedofilia) a estupro de mulheres vulnerabilizadas em busca de alívio para males físicos e espirituais. ESSES “HOMENS DE DEUS”,...

O ATUAL ministro da Educação supera seus antecessores pela objetividade e transparência. Ou seja, ele está tão seguro de que a sociedade já aceitou que Igreja e Estado são a mesma coisa, e pessoal, o mesmo que institucional que, sem nenhum constrangimento, já disse, por exemplo, que a universidade é para poucos, alunos com deficiência atrapalham os demais e, agora, torna publico que um dos critérios para que prefeitos tenham prioridade no acesso a recursos do Ministério da Educação é o grau de amizade como o Pastor amigo do Presidente... Bancada Evangélica e orçamento secreto são pros fracos.

SIM, o que o Ministro comete – assim como o Presidente da República e inúmeros outros integrantes de todos os escalões do Governo, desde o começo deste – é crime, e todos os agentes públicos, incluindo a Procuradoria Geral da República e todos os integrantes do Congresso Nacional, sabem disso.

COMBINANDO Montesquieu[1] com James Madison[2] e Binjamin Disraeli[3] , o legislador constituinte determinou que os atos do administrador público devem ser revestidos não apenas de legalidade mas também de impessoalidade, eficiência, publicidade e MORALIDADE.

NÃO há, portanto, como querem muitos fazer, essa segregação entre legalidade e moralidade quando o assunto é a gestão da res pública. E a explicação é simples e objetiva: se ambas são princípios obrigatórios da Administração Pública, o óbvio é que a inobservância de qualquer das duas implica, sim, numa ação delituosa; não há, aqui, o que tergiversar: a ação do Ministro (como a do Presidente) é criminosa, e pronto!

AGORA se levarmos em conta que ele foi colocado lá não para seguir as diretrizes do Estado Democrático de Direito, mas para exercer “a vontade de Deus”, e que a vontade dEle sempre será um “mistério”, “criminosos” podem, de repente, ser os que, como eu, o estão criticando e exigindo o devido respeito aos princípios assentados na Carta Magna pelos que a redigiram.

_______________________________

1 “Até a virtude precisa de limites”

2 “Se os anjos governassem os homens, não seriam necessários nem controles externos nem internos sobre o governo”.

3 “Quando os homens são puros, as leis são desnecessárias; quando são corruptos, as leis são inúteis”.