INSTANTE DA ESCRITORA
Se representar é assumir um papel, o fato de sermos humanos interagindo com outros ao longo do tempo, já o definiria? Seria um papel ocasional por conta de nossas ocupações e relações ou algo que se procura aprimorar incessantemente? Este desassossego gera sentimento paradoxais. Assumir papéis é assumir responsabilidades, com likes e deslikes e a sociedade possui facas de dez gumes.
Aristóteles disse que a literatura imita ou representa a realidade mediante as palavras. Assim sendo, a função do escritor se definiria de acordo com os gêneros literários? E caso escreva para desafogar seus dilemas ou por prazer sentimental, teria alguma obrigação?
Às vezes escrevemos como dirigimos para espairecer; indo reto, virando à direita ou à esquerda parando de acordo com os sinais. E se decidimos parar onde há uma praça com sombra ao invés de ir pagar boletos, ou à igreja mais para chorar que rezar, que compromisso queremos diferente de nossas intenções?
Paro o carro da imaginação diante o copo de joaninhas que deixei cair nesta manhã, e me pergunto: quem se deixou quebrar? Ele ou eu? Vi meu sono perdido em cada caco. Não escrevo com compromisso de representar a realidade por mais que ocorra. Afinal, podemos embelezá-la ou ironizá-la.Temos nossos instantes. Não representamos tudo que pensamos.
Marília L Paixão
para o tema: Representamos o que pensamos?
(Incluir no texto uma hipérbole)