A cidade através da janela do ônibus

Uma garota encostada na parede desbotada.

Muros inacabados de um bairro pobre.

Número 1048 pintado de branco em tijolos alaranjados.

Crianças correndo e jovens garotas com cabelos molhados enxarcados de condicionador.

Mato alto e árvores secas.

Orelhão velho e enferrujado, areia na calçada e uma garrafa de cerveja quebrada, cenário pra uma pós briga no boteco do lado haha.

Muita gente indo estudar, isso me deixa um pouco nostálgico.

Um grafite desbotado "LET" quem será ela? Vocês pegam se pensando sobre essas coisas? Será que foi ela que escreveu? Ou será que foi alguma forma de um possível apaixonado demonstrar seu sentimento? Forma estranha, mas assim como muitos relacionamentos esse grafite está desbotando.

Cavalo pastando no mato, magia do interior.

Senhores sentados em cadeiras de plásticos que acenaram para o ônibus.

Outro boteco, outro cachorro deitado na sombra.

O ônibus está ficando um pouco cheio, talvez eu me levante caso algum idoso venha parar aqui no fundo.

Entulhos.

Muitos terrenos com lixo e entulhos.

O ônibus está chegando no destino e dentro dele ou através das janelas dele os sintomas são os mesmo, sintomas de uma sociedade esfarelando, desbotando como os grafites recheados de egocentrismo em cada uma das paredes de concreto dessa cidade.