A HISTÓRIA DO ANDARILHO
Eu estava saindo com minha mãe para fazer alguma coisa que, não recordo, quando, pela primeira vez, observei um homem, quase idoso, maltrapilho, andando pela rua, com passos lentos e olhar ao longe.
Desde então, passei a ver esse senhor, mais vezes, nas ruas do meu bairro. Ele sempre estava caminhando, noite e dia, com chuva ou sol, inverno e verão, sozinho, devagar e olhando ao longe.
Nunca falei com ele. Por não saber o seu nome, resolvi chamá-lo de Andarilho.
Via o Andarilho, às vezes, perto da minha casa; às vezes, em ruas mais distantes, mas sempre pelo meu bairro.
Eu sempre exclamava:
– Olha o Andarilho!
E ficava pensando:
– Será que o Andarilho tem casa? Será que tem família? Será que ele busca alguma coisa, ou só caminha sem rumo certo? Será que tem amigos? O que será que ele pensa? Será que é ou já foi feliz?
Muitas outras perguntas surgiam à minha cabeça e, a conclusão que cheguei, é que cada pessoa é um mundo. Cada pessoa é mais do que aquilo que a gente vê. Cada pessoa tem uma história. E toda a pessoa merece respeito.