ZEZÉ, UMA GRANDE MULHER DE NOSSO TEMPO!...

 

Maria José, a nona filha de Deucyles e Nilda, nasceu em 19 de março de 1952, em casa, na rua Cabuçu, nº 170, apt. 104, no Lins de Vasconcelos.

Seu parto foi tão rápido que não deu tempo da parteira, Dona Maria Cândida, chegar a tempo, embora nossa mãe, pela manhã houvesse falado que já estava com alguns sintomas. Por isso, quem a amparou foi sua avó materna Lyria e uma vizinha amiga, Dona Carmem.

Foi a única filha dos 14, que Deucyles não assistiu sua mulher dar à luz. O motivo é que ele havia ido à cidade para comprar os materiais escolares de sua filha Terezinha, que com ele foi, pois havia entrado para o Ginásio do Colégio Pedro II.

Maria José era de colo e um dia começou a chorar muito e sua mãe já não sabia o que fazer. Seu pai então teve uma ideia, pegou uma lata de leite condensado, que a família usava diariamente no café da manhã e fez uma mamadeira. Eu lembro que ela gostou muito e parou de chorar...

Nos meados de 1968, Zezé como gostava de ser chamada, com 16 anos, foi morar com Terezinha, sua irmã mais velha e Antonio, seu esposo. Já estavam com três filhos e com dificuldades de encontrar alguém que os ajudasse, porque a licença maternidade já estava acabando. E até hoje, eu agradeço a meus pais e a Zezé, por aceitarem o nosso pedido de ajuda. E ela ficou conosco por 3 anos, até janeiro de 1971, quando o quarto filho, o Gugu, completou um ano de idade.

Zezé queria ser médica, tentou em vão, por alguns anos o exame vestibular. Eu às vezes penso, que devo ter atrapalhado seus sonhos. Por isso peço perdão a você, neste momento. Zezé fez o curso e estágio de Instrumentação Cirúrgica. Depois fez a faculdade de Ciências Biológicas. Penso que tudo isso, para trabalhar e se realizar em área de “mais vida”.          Em paralelo, para se manter, trabalhou no Banco do Brasil, especialmente, na Agência Madureira, onde cresceu como funcionária e fez muitos amigos. Em 1979, chegou a trabalhar no Amazonas, na cidade Boca do Acre, um lugar muito longe, época que nosso pai, por amor, escrevia, semanalmente, cartas para ela. Eu sentia muita saudade dela. Lembro-me, que todo ano, no dia 11 de maio, eu fazia um jantar mais caprichado para os filhos, meus pais e Zezé, para celebrar nossas bodas. E no primeiro ano sem a Zezé, eu fiquei muito triste e até chorei de saudades da minha irmã querida.

Ela e Beto são os padrinhos do nosso filho Luis Carlos, seu terceiro sobrinho. Por morar um tempo conosco, ela ficou muito próxima da nossa família.

Zezé, em atenção aos conselhos do amigo e Padre, o saudoso Monsenhor José Roberto Devellard, fez, também, a faculdade de Serviços Sociais e se formou em Assistente Social. E em, 12 de junho de 1985, junto com o Padre, Monsenhor Gustavo José Auller, constituíram a Ação Comunitária Sal da Terra, com sede na rua Baronesa de Uruguaiana, 42, parte, no Lins de Vasconcelos, onde fica, também, a Paróquia São Tiago Apóstolo, para acompanhar a Creche Chameguinho que já havia sido criada em 11 de maio do mesmo ano.   E nestes 37 anos, de existência da Sal da Terra, Zezé é a mulher que se dedica a administrar e cuidar das duas creches Chameguinho e Ternurinha com 110 crianças de ano e meio a quatro anos, em horário integral. E mais a Biblioteca dando Asas à imaginação que interage com 70 adolescentes das comunidades. Tudo isso no Complexo do Lins de Vasconcelos.

Esta ONG funciona com 30 funcionários registrados e com todos os seus direitos pagos. O interessante é que todos moram nas mesmas Comunidades onde ficam as Creches: “ Chameguinho na Árvore Seca e Ternurinha na Vila Cabuçu”    A Direção da Sal da Terra é formada por seis diretoras e um Conselho Fiscal com 4 membros, todos voluntários. Temos convênio com a Prefeitura, chamado Termo de Colaboração e somos associados da ACREPERJ - Associação das Creches e Pré-escolas Conveniadas, Confessionais, Comunitárias e Filantrópicas do Município do Rio de Janeiro, sendo que a partir de 2021, Zezé faz parte da sua Diretoria.

Temos Beneméritos e padrinhos fiéis, entre eles São Tiago Apóstolo e São Vicente de Paulo, nossos intercessores junto a Deus.

Nestes 37 anos, as experiências foram muitas, com muitos desafios, mas a Graça de Deus, sempre, superabundou. Eu e Antonio estamos desde 2007, junto com a Zezé, na Sal da Terra, portanto são 15 anos de comunhão. Eu agradeço sempre a Deus ter conduzido a Zezé por este caminho de construção, de cuidados, de curas, de acolhimentos, de esperança de mais vida, de valorização, de amor e de paz! Penso hoje, que até sua realização como pessoa deva ser maior do que se tivesse seguido a profissão de medicina. O trabalho social é mais abrangente e mais completo, porque cuida da vida como um todo: cuida da Saúde, da Educação e das necessidades do outro e tudo com muito Amor.

Feliz aniversário de 70 anos minha irmã!

Você é um exemplo de MULHER, que precisa estar inserida neste livro que lhe ofereço, escrito por Martha Robles que fala sobre o Feminismo através dos Tempos, com o título:

Mulheres, Mitos e Deusas.

Por isso hoje eu, Terezinha, o faço com muita alegria, colocando seu nome e essa sua história, na parte Mulheres do Nosso Tempo, porque você merece!

Termino com esta oração:

Deus é o “Paciente Cuidador” e nos alcança na medida em que nos abrimos à sua ação.

Seja, sempre, muito feliz, Zezé!

Em, 19 de março de 2022,

Terezinha Domingues

 

Terezinha Domingues
Enviado por Terezinha Domingues em 18/03/2022
Reeditado em 18/01/2023
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