PUXA-SACOS

O puxa-saco e a puxa-saco são criaturas bizarras, nefastas.

Se proliferam feito praga pelos quatro cantos, em tudo que é lugar.

Quando menos esperamos, nos deparamos com a sua cara lavada de quem não quer nada, de quem está aí só pra ajudar. Mas, de fato, não é nada disso.

O que querem é só o proveito próprio, tirar uma lasquinha de vantagem de cada situação, e cada momento será crucial na busca desenfreada dos seus objetivos.

Conheci vários ao longo da vida e tive a triste oportunidade de conviver com alguns lado a lado durante muito tempo.

Nunca botei fé neles.

Tive que fingir que éramos amigos, em nome de uma convivência pacífica.

Tanto tempo vivenciando seu modo de pensar e agir que acabei por desenvolver uma fórmula para identificá-los de bate-pronto.

É coisa simples.

Eles sempre emendam a fala do seu interlocutor com comentário apoiando o conteúdo do que foi dito, por mais absurdo e despropositado que tenha sido.

Curioso é que se o mesmo comentário tivesse sido emitido por alguém de quem não quisessem puxar o saco, a sua emenda seria totalmente diferente.

Dessa forma, o interlocutor ficará com a nítida impressão de que há sinergia de pensamentos.

Pura balela.

E assim o nosso puxa-saco (ou nossa puxa-saco, porque as mulheres formam um forte cordão nesta turma) vão levando a sua vida, tendo a impressão de que estão agradando e seduzindo seu séquito com toda tranquilidade.

Até o dia em que a casa cai e toda esta encenação vira fumaça, levando junto os sonhos de poder.

Então desce a cortina e o seu triste espetáculo chega ao fim, com um retumbante silêncio no lugar dos esperados aplausos, que nunca virão.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 16/03/2022
Reeditado em 16/03/2022
Código do texto: T7474018
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