Monóculo da Infância

Ao ampliar a lente da câmara do meu celular, para registrar uma foto como essa, a nostalgia bate forte. Isso porque penso na infância quando tínhamos um monóculo de latão, herdado de meu avô materno, bem antigo, de lente excelente para nossa visão de criança. Eu e meu irmão disputávamos o monóculo para ver os navios de perto e também a Ilha da Pólvora e não era nada banal, era sempre diferente, sempre lindo. O monóculo nunca mais vi e acredito ter ficado sepultado na desativação do porão. Esse porão na minha infância servia para guardar alguns brinquedos estragados que não tínhamos coragem de jogar fora, tipo triciclos, monaretas, jipes de lata, carrinhos de lomba, carts (carrinho com pedais) bonecas sem cabeça, coleção de vidros de perfume vazios e algumas garrafas coloridas. Pensávamos que um dia iríamos consertar tudo isso, porém, a gente cresceu e à medida que crescíamos ficava distante a possibilidade de conserto. Consertar pra quê? Não caberíamos mais nos brinquedos. Mesmo assim, o apego nos impedia de descartar e, sendo assim, no lugar da porta de acesso ao porão foi erguida uma parede e lá ficaram nossas lembranças. Lembranças grandes no afeto e que para sempre ficarão guardadas no coração.

 

Rejane Pinheiro
Enviado por Rejane Pinheiro em 16/03/2022
Reeditado em 27/04/2024
Código do texto: T7473922
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