Lenhador, sem final trágico
O lenhador voltava para casa, ao fim de mais um longo dia de trabalho, quando subitamente sentiu algo estranho. Suas pernas estavam ficando moles.
“Finalmente”, pensou ele sorrindo, “a insônia, minha inimiga implacável, vai me deixar.”
Sentiu peso nas pálpebras. Deixou o machado escorregar da mão e cair na terra fria da floresta. Deitou-se ali mesmo, a poucos metros de sua cabana. Logo roncava, acometido de sono profundo.
Só acordou muito tempo depois. Ao abrir os olhos, viu que perto de seu rosto brotara uma pequena árvore.
O homem sentiu-se comovido por causa daquela vida cujo nascimento coincidira com seu sono. Com cuidado, transplantou a planta para um vaso. Todas as noites, ele a contempla e não consegue dormir, pensando em todas as outras que derrubara com seu machado.